agora foi a vez de barack obama destacar as irmãs cidália e natália luís como exemplos do sonho americano. a única fábrica de cimento liderada por duas mulheres no país é a m. luís construction, uma empresa familiar, fundada pelos pais de natália e cidália. a empresa passou por dificuldades e graças ao plano de incentivo às pequenas e médias empresas está a sobreviver à crise. tanto o caso ficcional como o real mostram que os portugueses são tão bons como os outros. precisam, tal como os outros, de condições e confiança para desenvolver as suas capacidades. ou então precisam de emigrar para se livrarem do juízo alheio, do dedo apontado, do ambiente que torce pelo falhanço. por que é que não fazemos de conta que estamos noutro país?
rápido no gatilho
a entrada iminente do twitter na bolsa está a provocar uma enorme ansiedade entre os bolsistas, especuladores ou mesmo entre os pequenos investidores. foi no mínimo hilariante o que aconteceu com uma empresa de electrónica falida, que viu o valor das suas acções em dólares subir de 0,01 para 0,15 centavos: um aumento de 1200%. tudo porque o nome da dita empresa é tweeter. muitos compradores impulsivos e pouco hábeis na ortografia confundiram-na com a promissora twitter e desataram a comprar acções. é certo que o contributo para o engano homofónico e ortográfico era reforçado pelos respectivos nomes de guerra: twtr para a empresa poderosa dos 140 caracteres e twtrq para a empresa falida. a baralhada durou apenas umas poucas horas, mas em menos tempo já se fizeram grandes fortunas e já sucederam maiores catástrofes. é o que acontece quando se quer ser o comprador mais rápido do oeste. ou, neste caso, como é mais provável, do leste.
com instagram
já me aconteceu mais do que uma vez ir a restaurantes onde nunca tinha ido ou que não conhecia só por causa das fotografias que os meus amigos resolvem partilhar no instagram. as imagens dos pratos são convidativas, ainda que amadoras. pode ser dos filtros ou da melhor publicidade que um produto pode ter, que é a do gosto genuíno do consumidor. um estudo do journal of consumer psychology contraria a minha experiência pessoal. a experiência consistia em levar as pessoas a verem várias imagens, por exemplo, de doces no instagram e depois verificar se quereriam comer o que tinham visto ou não. ao contrário do que provavelmente me aconteceria a mim, as cobaias do estudo ficaram enjoadas com tantas imagens de doces. o mesmo aconteceu com salgados. é certo que depende das fotografias que mostraram, embora seja difícil errar no instagram. e a quantidade conta. a menos que estejamos a falar de sushi. para a próxima experimentem comigo.
a fé passada a ferro
é difícil não falar do papa francisco. no meio das suas intervenções apaixonadas e certeiras para uma igreja aberta aos problemas deste mundo desagregado e indiferente, o papa ainda tem cabeça para falar das questões do quotidiano. na sua visita a assis, o papa aconselhou as mães que se lamentam por os filhos não casarem a deixarem de lhes passar as camisas. o comentário tão sábio quanto engraçado foi a deixa para falar da santidade e glória da indissolubilidade do casamento. começar com uma observação divertida antes de ir ao assunto sério não é uma invenção do papa. muitos usaram e abusaram desta fórmula retórica. o importante é que francisco está atento e é fiel à sua mensagem pessoal: sou o papa mas não deixo por isso de ser um de vós. a sua luta contra a solenidade tradicional está a trazer-lhe inimigos, mas é um preço insignificante quando comparado com a revitalização e o entusiasmo que está a conseguir entre os católicos e não só.
para si
lembro-me de ver as primeiras recomendações personalizadas da amazon com espanto. como saberia a empresa que gostaria do livro x só por ter comprado o livro y? um estudo de uma empresa britânica de marketing vai mais longe na tentativa de personalizar a publicidade online dirigida ao público feminino. o estudo é minucioso ao ponto de identificar as horas do dia em que as mulheres se sentem pior para lhes ser mostrado um produto de maquilhagem que promete beleza instantânea. a segunda de manhã parece que é perfeita para anunciar estes produtos. a hora menos boa do dia para usufruir da infelicidade alheia para ganhar dinheiro é entre o meio-dia e as três da tarde. entre o almoço e a aula de ginástica, as mulheres animam e compram menos. a tarde é menos lucrativa do que a manhã. mas a noite e a madrugada a qualquer dia da semana não têm que enganar. a solução para não fazer compras online é ser feliz. ou então não ligar o computador.