ModaLisboa: Elogio da feminilidade

O terceiro dia da ModaLisboa, para muitos dia de descanso semanal, trouxe a confirmação da continuidade deste palco para a moda portuguesa, dada pelo próprio António Costa. O Presidente da Câmara de Lisboa garantiu a renovação do protocolo entre a autarquia e o evento, factor fundamental para que a ModaLisboa continue a contrariar as dificuldades.

mas este último dia trouxe também outra das grandes surpresas desta modalisboa: a entrada de um novo nome para a plataforma lab. luís carvalho mostrou, pela primeira vez, de quantas linhas se cose a sua visão da moda. perante uns paços do concelho cheios, o jovem designer apresentou uma colecção com o tema shelter, uma inspiração bipartida entre o tema com o mesmo nome, dos xx, e a noção de abrigo protector. o resultado foi uma primeira colecção que trabalhou as camadas da roupa e que reinterpretou clássicos como o blusão bomber. um arranque que deixou vontade de voltar a encontrar este nome daqui a seis meses.

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já no páteo da galé e na passerelle principal, pedro pedro proporcionou um dos momentos de maior beleza desta edição, com uma colecção a pensar numa mulher feminina e etérea, mas ao mesmo tempo despreocupada e actual.

seguiu-se a dupla marques’almeida que continua a sua dissertação sobre o denim, voltando, no entanto, costas à linguagem mais grunge que os tem caracterizado, mas deixando no ar a vontade de os ver ir mais longe.

já ricardo preto apresentou a colecção sal onde os estampados estiveram em claro destaque. os problemas de edição de colecção, que se tinham sentido em edições anteriores, pareceram resolvidos.

por total oposição, o senhor que se seguiu, aleksandar protic, mostrou que o cinzento não é necessariamente sinónimo de meio-termo ou de terra de ninguém. sobretudo quando se sabe cortar peças e criar silhuetas com a elegância com que protic consegue sempre fazer.

foi com este sentimento de feminilidade que a passerelle recebeu o trabalho de evgenia tabakova e pedro noronha, mais conhecidos como white tent. sempre associados ao minimalismo e ao sportswear, a dupla revelou ter dado um (seguro) passo em frente.

a fechar o dia, e mais uma edição da modalisboa, nuno baltazar inspirou-se na música sacra para criar a colecção stabat mater. uma homenagem que quis prestar à figura maternal, e que levou o criador a um exercício de silhuetas pouco usuais nos seus designs, mas às quais baltazar conseguiu dar o seu característico cunho feminino e emocional, fechando esta edição da modalisboa com uma sensação de missão cumprida.

raquel.carrilho@sol.pt