quisemos entrar na comunidade económica europeia (como se chamava então a ue), como garantia da defesa da democracia. hoje temos a nossa democracia suspensa pela ue.
não admira que as sondagens dêem um aumento extraordinário aos partidos de extrema direita – e talvez também a alguma esquerda – nas próximas europeias de 2014. quem ainda pensa que as forças assumidas como moderadas são as que sempre prevalecem, esquece a história do século xx, e alguns conceitos políticos teóricos essenciais, como o da sociedade civil ou o das vanguardas (a ‘classe em si’ ou a ‘classe para si’, de marx).
vamos realmente por muito mau caminho. o pior são os que se querem mais papistas do que o papa. neste frenesim, merkel (ao contrário de passos coelho, sempre desejosa a acordos com a oposição de esquerda, e até, como agora, a uma coligação) até aparece como uma moderada, que pode ser a salvação de uns loucos da ce.
e quem não se lembra da falta de jeito do actual presidente da ce para ganhar as eleições (recorde-se a sua derrota estrondosa nas europeias de 2004, que curiosamente o alcandorou para o alto cargo que desempenha; ou o facto de, com mais uma semana de campanha, se arriscar a perder mesmo as legislativas de 2002, que pareciam ganhas à partida, mas em que o seu psd esteve a descer as intenções de voto durante toda a campanha eleitoral)? e nem sequer é porque fosse honesto nas promessas eleitorais. porque capaz de prometer a lua, como passos coelho, sempre foi ele – sobretudo junto de quem julgava querer ouvir essa promessa.
será possível estes partidos populistas do centro direita e esquerda ainda nos reconduzirem à democracia, ou teremos de passar pelas provações do século xx?