deixemos, por menos conhecido, hansen, um estatístico que introduziu o sistema econométrico conhecido como ‘método generalizado dos momentos’ (gmm em inglês), apresentado em 1982, que se revelou muito útil na área financeira, sempre que os sistemas sejam não-lineares.
mas fama vai pela teoria dos ‘mercados eficientes’ (mesmo que recentemente se tenha comprovado de forma clara a sua ineficiência, pelo menos por excesso de ganância do alguns investidores poderosos), e shiller é um dos investigadores da ‘exuberância irracional’ destes mesmos mercados.
o nobel deu uma no cravo e outra na ferradura, mais ou menos quando se completam 3 anos sobre o encontro de merkel e sarkozy em deauvill, normandia (18 de outubro de 2010), que, segundo quem acompanha os temas europeus, levou o ‘eixo franco-alemão’ a enveredar, talvez inconscientemente, pela destruição de muitas economias europeias, com a imposição da austeridade (perante a necessidade de resgates, devido à imposição de empréstimos privados que temiam apostar nas economias mais débeis).
claro que, como frisa cravinho, o nobel já se inclinara demasiado pelos liberais de chicago, com sucessivos prémios: hayek (1974), friedman (1976), stigler (1982), becker (1992) e lucas (1995).
em plena crise, foi por caminhos lógicos: krugman (2008) e seguintes.
os laureados deste ano têm em comum a análise empírica dos preços de activos financeiros, e essa foi a explicação para os juntar. mas pugnam por soluções económicas bem diferentes.
claro que os apoiantes deste governo, mesmo perante o insucesso das suas politicas, torcerão por fama. e dirão que a crise é uma mera correcção dos mercados, que os contribuintes deverão pagar, para os investidores poderem continuar a ganhar dinheiro impunemente com as suas ganâncias, sem que se lhes possa chamar ineficientes. o resto das pessoas tenderá a estar com shiller – e a esperar que alguma coisa de bom saia da nova coligação da alemanha, e que se confirme a previsão do presidente cavaco silva de que a europa vai sair da crise (o que acabará por nos arrastar para melhores dias, apesar este governo). e a esperar, naturalmente, uma mudança de governo, embora com muito cepticismo, e as maiores saudades dos velhos democratas-cristãos e sociais-democratas, e de uma decência democrática europeia.
