as suspeitas foram comunicadas à procuradoria-geral da república (pgr), a 19 de julho – quando ps, psd e cds faziam rondas de negociações para tentar chegar ao “compromisso de salvação nacional” pedido pelo presidente da república. o chefe de gabinete do secretário-geral, miguel ginestal, queixou-se então, à pgr, de interferências nas comunicações telefónicas e na configuração dos e-mails, o que levou à abertura de um inquérito.
as peritagens, feitas nos dias seguintes à denúncia, não detectaram qualquer escuta: nem nas comunicações telefónicas, nem nas instalações, nem nos computadores da sede socialista. detectaram, sim, que o e-mail – toze@ps.pt – foi alvo de um ataque informático, com tecnologia de replicação de mensagens pela lista de contactos. trata-se de uma mensagem “que se apodera dos ip’s vulneráveis para se propagar”, segundo o relatório da peritagem que consta do processo, consultado hoje pelo sol.
o mesmo relatório explica que, por isso, o ip da sede socialista “passou a fazer parte desta lista de propagação [de e-mails com vírus], correndo o risco de ser visto como hostil, podendo passar para as listas negras internacionais”. acrescenta-se, contudo, que não foi detectado “software ou malware que adulterasse as mensagens”.
na investigação, os peritos informáticos alertam também para a necessidade de o ps aumentar a segurança das suas comunicações e identificam várias vulnerabilidades. entre elas a inexistência “de uma política de utilização e actualização de passwords” dos computadores, o hábito de não bloquear a sessão ao terminar a sua utilização e o facto de qualquer utilizador poder ligar-se ao sistema interno sem regras de limitação do acesso.