al-awlaki não era um inocente: estava envolvido em vários atentados nos estados unidos, onde fora o mandante da morte de 13 militares pelo major nidal malik hasan, um militar islâmico-americano, na base de fort hood, em novembro de 2009; fora o inspirador do atentado falhado contra o voo 253 da northwest airlines, sobre detroit, e tinha um longo historial terrorista desde o 11 de setembro aos atentados no metropolitano de londres em 2005.
al-awlaki e os seus companheiros foram mortos por um drone, teleguiado de uma base longínqua. a operação que terminou na sua morte deve ter passado por uma série de fases e deu lugar a fortes ataques contra o presidente obama, vindos não só da esquerda progressista como da direita libertária. a esquerda porque é contra a ‘guerra antiterrorista’ de obama, que considera uma ‘traição’ ao seu ideário humanitário. a direita porque acha o uso dos drones um acto abusivo do presidente, ao mandar executar um ‘cidadão norte-americano’ (al-awlaki nascera no novo méxico), em clara violação dos princípios do due process of law.
os drones tornaram-se numa arma ‘normal’ na luta antiterrorista. o número de ataques e mortes tem conhecido um ritmo que acompanha os altos e baixos da acção norte-americana na guerra no médio oriente. intensificou-se na presidência de barack obama. em 2008, último ano da presidência bush, houve cerca de 300 mortos por drones no paquistão; passaram para 550 em 2009, o primeiro ano de obama, 850 em 2010, 500 em 2011 e 300 em 2012.
os drones são engenhos não pilotados, teleguiados, que podem servir de plataformas de observação e também de ataque. o invento veio de israel que os usou contra os líderes activistas palestinianos. normalmente a partir de dados fornecidos por redes de informadores locais, no paquistão, no afeganistão e no iémen, coligidos e tratados pela cia, o alvo localizado é entregue à monitorização da base e é observado, às vezes durante meses. o ‘processo’ é instruído administrativamente e avaliado por um comité de selecção que elabora uma lista de alvos potenciais, os quais passam a ser seguidos à distância segundo a perigosidade e a oportunidade, atendendo a minimizar ‘danos colaterais’ . o comité leva a lista e os respectivos dossiês ao presidente. e é este quem tem a decisão e (às vezes) a sentença final.
foi assim no caso al-awlaki, que obama considerou um golpe maior num dos ramos mais activos da galáxia al-qaeda. mas a discussão sobre a legitimidade e utilidade dos drones está, agora, no auge. talvez faça sentido voltarmos a ela.