J.K. Rowling é a nova voz do policial

É uma das autoras que mais vende no mundo mas J.K. Rowling decidiu abandonar o nome e, sob pseudónimo, publicou um policial. Conquistou a crítica mas só vendeu 1.500 exemplares. Três meses depois, o seu nome foi revelado e alcançou de imediato o topo da tabela de vendas. Quando o Cuco Chama já saiu em…

qual a importância de um nome? já dizia shakespeare, depois de levantar a questão, que uma rosa com qualquer outro nome teria o mesmo perfume. mas nem sempre é assim no mercado editorial. se um novo nome permite um recomeço sem o peso do passado, também exige novas provas de qualidade.

do alto dos milhões conquistados com a saga harry potter, j. k. rowling decidiu testar os seus leitores e a crítica. depois de ter entrado no universo da literatura para adultos com o romance morte súbita, em 2012 – que, apesar de ter vendido mais de 1 milhão de cópias, foi arrasado pela crítica – a autora resolveu lançar, este ano, um policial. mas fê-lo sob pseudónimo.

quando o cuco chama, assinado por robert galbraith, é um thriller protagonizado por cormoran strike, um veterano do afeganistão, agora detective privado, que se vê a braços com a investigação do suicídio suspeito de uma bela e famosa jovem modelo, lula landry. e acaba de chegar às livrarias portuguesas, já com o nome de rowling por trás.

no entanto, quando em abril deste ano o livro foi publicado no reino unido, ninguém sabia quem era o seu autor. robert galbraith foi apresentado como um ex-investigador do exército britânico. e agradou. quase todos foram unânimes em dizer que a escrita era segura, não parecendo uma estreia literária. e os elogios multiplicaram-se, com o times a definir o livro como “um romance de estreia cintilante, passado no mundo de modelos, rappers e designers de moda” capaz de traçar um “retrato convincente do vazio da riqueza e do glamour”. mas, depois de receber um dica anónima via twitter, o sunday times decidiu investigar quem era o verdadeiro autor do romance. e em julho revelou ser j.k. rowling.

embora não sejam claros os motivos que levaram a autora a querer publicar sob pseudónimo, rowling disse em comunicado: “esperava guardar este segredo durante mais tempo, ser robert galbraith foi uma experiência libertadora […]. foi maravilhoso publicar sem qualquer hype ou expectativas, e puro prazer receber feedback sob um outro nome”. tudo correu exactamente ao contrário de meses antes, com a edição de morte súbita: as críticas foram boas, as vendas curtas. mas claro que se, nos primeiros meses, o livro vendeu apenas cerca de 1.500 exemplares, assim que a notícia saiu tudo mudou e chegou logo ao topo da tabela de vendas da amazon no reino unido e nos eua. e desta feita a crítica, mesmo depois de revelado o seu nome, foi bastante favorável.

a autora parece ter encontrado um novo manancial: o segundo livro protagonizado por cormoran strike já vem a caminho. espera-se outra saga, semelhante à de harry potter, talvez com ainda mais volumes.

rita.s.freire@sol.pt