segundo um recente estudo da gallup, uma das maiores empresas mundiais de sondagens e estudos de opinião, 53% dos alemães dizem que as actuais políticas de austeridade não funcionam, um valor acima da média europeia (51%) e muito superior a outros países apoiantes do governo de berlim na condução da crise do euro – casos da finlândia ou da bélgica, onde 40% da população está contra a austeridade.
mas o cepticismo alemão demonstra-se também na escassez de apoiantes declarados da austeridade. segundo o relatório, apenas 3% dos alemães referem que a austeridade está a funcionar na europa, quase metade da média dos 27 países da ue analisados (5%).
alemanha é quem mais ganha
além de dominar a política europeia e a condução da crise, a alemanha tem sido o país da ue que mais tem beneficiado com a crise do euro. foi o único país da europa onde o desemprego desceu desde 2008 (de 10% para 7%). o estado germânico financia-se a taxas nulas quando cinco países da zona euro foram obrigados a pedir resgates financeiros pela incapacidade de conseguirem levantar dinheiro nos mercados.
este último ponto é salientado pelos restantes países: 67% dos inquiridos na sondagem referem que a actual política europeia só serve os interesses de alguns países (contra 22% que afirma que o benefício é em prol de toda a europa). e destes, 77% afirmam que a actual estratégia beneficia a alemanha.
o estudo revela ainda que 60% dos europeus acreditam que existem alternativas melhores à política de austeridade. metade dos alemães afirma que há opções mais vantajosas e apenas 25% dizem não haver alternativa.
a gallup adianta que os maiores críticos da austeridade são os países resgatados: 80% dos gregos e 68% dos portugueses afirmam que não resulta e mais de 80% consideram que existem alternativas.
o leste pró-austeridade
por outro lado, os estados da ue que mais apoiam a austeridade e que afirmam não existir uma política melhor são países do leste europeu, como a bulgária, a hungria ou a lituânia. em portugal, 2% da população apoia a austeridade e na grécia cerca de 5%, um dos valores mais altos em toda a europa e acima da alemanha ou de frança. o estudo da gallup foi realizado no final de setembro e envolveu mais de seis mil inquiridos, distribuídos pelos 27 estados da ue.