os números foram avançados ao sol pelo director do serviço de urgências daquele hospital, pedro ramos, que classificou o fenómeno das ‘drogas legais’ como uma calamidade de saúde pública muito superior ao mediático problema da dengue.
a comparação é fácil. se este ano, apesar de haver ainda doentes internados, não se registou qualquer morte causada por este fenómeno, em 2012, quatro doentes morreram. e, das 300 urgências registadas, 70% dos pacientes ficaram internados, custando ao erário público 70 mil euros.
na base desta diminuição, está o desaparecimento das seis ‘smartshops’ da madeira que vendiam estas substâncias, embora alguns consumidores continuem a abastecer-se pela internet ou no mercado ilegal. para pedro ramos, estes números «comprovam que o esforço que tem vindo a ser desenvolvido pela região para proibir a venda livre de tais substâncias tem compensado».
situação monitorizada
e não foi apenas na proibição da venda destas substâncias que a madeira foi pioneira, diz pedro ramos, que participou, este mês, na conferência novas drogas: a interdição portuguesa é uma mensagem para o mundo, em cascais. a região autónoma é também a única onde a situação está monitorizada, através da triagem de manchester, explicou o médico ao sol.
o esforço do arquipélago para controlar o problema, continua o médico, está a resultar por ser «multidisciplinar». a defesa do consumidor, a inspecção das actividades económicas, a unidade operacional de intervenção em comportamentos aditivos e dependências e o sesaram (saúde mental, urgências, etc) são os organismos envolvidos.
’autoridades têm de estar atentas’
mas, alerta pedro ramos, é fundamental «não baixar os braços e continuar a trabalhar em prevenção, sobretudo em campanhas de informação e sensibilização, punindo os traficantes».
«as autoridades têm de estar atentas», pede ainda o director das urgências, lembrando que o fabrico de substâncias psicoactivas muda com uma velocidade vertiginosa pelo que é importante manter actualizada a tabela de substâncias proibidas.
por outro lado, acrescenta, há substâncias psicoactivas mais danosos para o organismo do que as chamadas drogas duras: «alterações do sistema nervoso central (doenças do foro psiquiátrico), feridas e infecções são consequências do consumo de substâncias tipo ‘bloom’ ou ‘cogumelos mágicos’».
recorde-se que a assembleia legislativa da madeira (alm) aprovou o diploma que proíbe a venda das ‘drogas legais’ a 31 de julho de 2012. o representante da república para a madeira, ireneu barreto, suscitou a inconstitucionalidade do diploma e o palácio ratton concluiu que o diploma era ‘genérico e indeterminado’. o decreto voltou à alm, foram expurgadas as inconstitucionalidades e o diploma entrou em vigor. nesse dia, a 31 de outubro de 2012, já quase todas as ‘smartshops’ regionais estavam encerradas.