Proibir drogas resulta na Madeira

Um ano após a entrada em vigor da legislação que proíbe a comercialização das ‘drogas legais’ na Madeira, os dados são reveladores: entre Janeiro e Agosto, o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, registou quatro vezes menos entradas nas urgências por suspeita de consumo de substâncias psicoactivas do que em 2012, ano em que se…

os números foram avançados ao sol pelo director do serviço de urgências daquele hospital, pedro ramos, que classificou o fenómeno das ‘drogas legais’ como uma calamidade de saúde pública muito superior ao mediático problema da dengue.

a comparação é fácil. se este ano, apesar de haver ainda doentes internados, não se registou qualquer morte causada por este fenómeno, em 2012, quatro doentes morreram. e, das 300 urgências registadas, 70% dos pacientes ficaram internados, custando ao erário público 70 mil euros.

na base desta diminuição, está o desaparecimento das seis ‘smartshops’ da madeira que vendiam estas substâncias, embora alguns consumidores continuem a abastecer-se pela internet ou no mercado ilegal. para pedro ramos, estes números «comprovam que o esforço que tem vindo a ser desenvolvido pela região para proibir a venda livre de tais substâncias tem compensado».

situação monitorizada

e não foi apenas na proibição da venda destas substâncias que a madeira foi pioneira, diz pedro ramos, que participou, este mês, na conferência novas drogas: a interdição portuguesa é uma mensagem para o mundo, em cascais. a região autónoma é também a única onde a situação está monitorizada, através da triagem de manchester, explicou o médico ao sol.

o esforço do arquipélago para controlar o problema, continua o médico, está a resultar por ser «multidisciplinar». a defesa do consumidor, a inspecção das actividades económicas, a unidade operacional de intervenção em comportamentos aditivos e dependências e o sesaram (saúde mental, urgências, etc) são os organismos envolvidos.

’autoridades têm de estar atentas’

mas, alerta pedro ramos, é fundamental «não baixar os braços e continuar a trabalhar em prevenção, sobretudo em campanhas de informação e sensibilização, punindo os traficantes».

«as autoridades têm de estar atentas», pede ainda o director das urgências, lembrando que o fabrico de substâncias psicoactivas muda com uma velocidade vertiginosa pelo que é importante manter actualizada a tabela de substâncias proibidas.

por outro lado, acrescenta, há substâncias psicoactivas mais danosos para o organismo do que as chamadas drogas duras: «alterações do sistema nervoso central (doenças do foro psiquiátrico), feridas e infecções são consequências do consumo de substâncias tipo ‘bloom’ ou ‘cogumelos mágicos’».

recorde-se que a assembleia legislativa da madeira (alm) aprovou o diploma que proíbe a venda das ‘drogas legais’ a 31 de julho de 2012. o representante da república para a madeira, ireneu barreto, suscitou a inconstitucionalidade do diploma e o palácio ratton concluiu que o diploma era ‘genérico e indeterminado’. o decreto voltou à alm, foram expurgadas as inconstitucionalidades e o diploma entrou em vigor. nesse dia, a 31 de outubro de 2012, já quase todas as ‘smartshops’ regionais estavam encerradas.

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