gosto desta última ideia. afinal, foi o bes que movimentou peças essenciais do regime, desde a pt à controlinvest, passando pela ongoing. e, muito antes de sócrates querer atropelar jornais e jornalistas, já o bes fazia chantagem com estes, através da publicidade que controlava.
quando imaginamos a corrupção do governo, estamos a vê-la no bes – que troca animadamente gestores do grupo com membros do executivo ou das empresas essenciais do país.
e ao sabermos que o presidente do bes assumiu calmamente, e sem complexos nenhuns, ter-se esquecido simplesmente de declarar uns milhões de ganhos, apressando-se sem mais problemas a emendar a situação, porque lhe convinha, podemos estar certos de que algum ministro ou ex-ministro poderia não se coibir de fazer o mesmo.
pior: ficámos a saber que o presidente do bes considera natural, e fá-lo, um presidente de um banco acumular com o seu super-ordenado uns gordos extras a assessorar pessoalmente clientes do próprio banco. podridão que não nos admiraríamos de ver em políticos do regime.
sim, o bes não é apenas o banco do regime, mas o próprio regime. se a zanga da família espírito santo vai ao ponto de levar a investigações minuciosas dentro do ges, talvez não seja apenas o bes, e a família dos seus proprietários, a dar um enorme trambolhão – talvez seja o regime todo a escancarar-se no chão.
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