Dito&Feito

António José Seguro continua a mostrar-se cristalino nas afirmações e determinado nas orientações.

há dias, em entrevista à tvi, quando questionado sobre o seu apoio a um programa cautelar de bruxelas para proporcionar a portugal um regresso assistido aos mercados a partir de junho de 2014, seguro foi rápido a dizer ‘sim’: «não virarei as costas ao meu país e o ps estará lá com soluções». para, logo a seguir, ponderar melhor e optar pelo ‘não’: «não aceitarei se insistirem num programa com a mesma natureza» de austeridade que o actual. e, por fim, para não se comprometer e deixar tudo em aberto, preferiu ficar-se pelo ‘nim’: «não posso pronunciar-me sobre um programa que desconheço». ficámos, como sempre, todos esclarecidos.

à pergunta se o ps vai exigir eleições antecipadas em 2014, seguro foi igualmente clarificador. ‘não’, afirmou, afastando tal cenário: «se o ps tivesse essa prioridade, teria agarrado a oportunidade» da crise de julho, quando o presidente avançou com essa proposta. quer isso dizer que o ps tirou daí a ideia? não é bem assim, esclarece seguro: «o ps não muda de posição», quer mesmo legislativas antecipadas. e que tal já em maio, em simultâneo com as europeias e antes mesmo de acabar o programa de ajustamento da troika? «é vantajoso» esse cenário, apressa-se a aprovar o líder do ps. confusos? é apenas uma pequena amostra da maleabilidade oratória de antónio josé seguro.

já o ressuscitado ministro da bancarrota de sócrates, o agora comentador teixeira dos santos, não tem dúvidas de que a troika vai sugerir eleições antecipadas em 2014: «não me surpreende que os nossos parceiros façam passar essa mensagem», até porque ela «abria a possibilidade de um entendimento entre partidos», psd, cds e ps.

agora afastado dos corredores do poder, teixeira dos santos anda mal informado. a troika não quer eleições nenhumas nem mais incerteza política em portugal em 2014. e até dispensa a assinatura do ps num eventual programa cautelar.

a haver legislativas em 2014 isso não ocorrerá por vontade da troika, de belém ou por desejo do ps. só poderá acontecer por intervenção do tribunal constitucional.

jal@sol.pt