“este é um projecto de investigação sobre as fronteiras da cortiça”, refere guta moura guedes, da experimenta design, que já tinha apostado na exposição matéria – também dedicada a este material – em 2011. “no século xxi é impensável que um designer não considere as consequências ambientais dos produtos que desenha. nesse sentido a cortiça apresenta-se como um material de excelência.
embora seja exigente do ponto de vista de projecto, é também, por isso mesmo, muito estimulante do ponto de vista criativo. o design traz à cortiça tudo aquilo que era necessário trazer agora: actualização, renovação de tipologias e usos, democratização da matéria e a possibilidade de o consumidor usar no seu dia-a-dia, nas suas casas, objectos e estruturas de elevado valor estético que são amigos do ambiente e que têm características sensoriais muito especiais.
sem a actualização do design, a cortiça continuaria remetida às rolhas, aos revestimentos e a ser um material escondido por detrás de outros materiais”, sublinha a curadora.
para concretizar esta iniciativa, foram chamados à criação os arquitectos alejandro aravena, álvaro siza, amanda levete, eduardo souto de moura, herzog & de meuron – que já tinham forrado a cortiça o pavilhão serpentine, em londres, em 2012 –, joão luís carrilho da graça, manuel aires mateus e os designers james irvine, jasper morrison e naoto fukasawa.
“conceptualmente, o projecto metamorphosis contemplava uma peça por cada um dos dez criadores, mas as qualidades intrínsecas da cortiça acabaram por detonar um processo criativo para além do que inicialmente estava previsto, levando a que se apresentassem mais peças do que estava inicialmente delineado”, revela carlos jesus, director de comunicação da corticeira amorim.
o resultado são “objectos e soluções tão distintas como bancos e puxadores, paredes e prateleiras, sapatos e maquetas de grande escala e ainda novos materiais construtivos”, revela guta. o arquitecto aires mateus concebeu especificamente “um arquétipo de uma casa toda em cortiça – em que as pessoas podem entrar – sendo que uma das suas paredes está pintada a ouro para sacralizar este material”.
um material que o arquitecto já vinha a utilizar nas suas obras, “pelas suas qualidades ao nível do isolamento acústico e térmico, mas que estava escondido dentro das paredes. agora queremos trazer a cortiça cá para fora, como um material de exterior, usando a sua textura como se as paredes fossem de facto árvores”.
para ver até 1 de dezembro, no mosteiro dos jerónimos. altura em que também será lançado um livro que regista todo o processo de criação dos artistas convidados.