tudo porque, como esclarece ao sol inês pedrosa, directora da cfp, este é um congresso dirigido a todos: “o que o singulariza é que, sendo denso, não é um congresso académico. a vocação da cfp é fazer um congresso que cruze todos os tipos de abordagens a fernando pessoa e que seja um ponto de encontro regular dos pessoanos, leitores ou aficcionados, com os especialistas nas mais diversas áreas. o nosso objectivo é tirar o pessoa do pequeno núcleo da filologia, linguística ou análise textual e fazê-lo viver enquanto vendaval de pensamentos”.
com richard zenith a fazer a conferência inaugural, ‘livro do desassossego: o romance possível (var.: impossível)’, pelo palco do teatro aberto vão passar muitos outros nomes, em diversos painéis: eduardo lourenço, josé paulo cavalcanti filho, teresa rita lopes, jerónimo pizarro, anna klobucka, luiz ruffato e ana luísa amaral são apenas alguns dos 40 conferencistas que irão debruçar-se sobre aspectos tão diversos como ‘o feminino em fernando pessoa’, ‘fernando pessoa e a cultura árabe-islâmica’ ou ‘fernando pessoa activista queer: uma releitura do antinous’.
além dos painéis, é possível assistir ao espectáculo musical dos universus ensemble, ao concerto de mariano deidda, que irá musicar a mensagem e à leitura de diogo dória do ultimatum, de álvaro de campos.
será também editado um novo número da revista pessoa que, assegura inês pedrosa, a partir de agora se quer trimestral, e, além de conteúdos relacionados com o poeta, contará com textos sobre o que acontece na cfp. neste número, por exemplo, poder-se-á ler a conferência dada por christopher hitchens em 2010 na cfp. e será apresentado o livro os objectos de fernando pessoa, (ed. d. quixote), de jéronimo pizarro, patricio ferrari e antonio cardiello, o segundo volume da colecção acervo da casa fernando pessoa (em 2010, os mesmos autores editaram biblioteca particular de fernando pessoa), onde se dão a conhecer os objectos do poeta, desde a cómoda à cigarreira, passando pela cama e a máquina de escrever. para 2015 está planeado um terceiro volume, com as artes plásticas que constituem o acervo da cfp, pouco conhecidas por não existir um museu.
‘appessoa’
mas há mais. entre conferencistas e público, são muitos os estrangeiros que se deslocam a lisboa nestes dias. e, para os receber, inaugurou-se já, no aeroporto da portela, a exposição ‘lisboa em pessoa’, sobre a vida e obra do escritor, com fragmentos da lisboa do poeta, em desenhos e fotografias, na praça cilindro, junto às chegadas – assinada por gilson lopes e gonçalo cardoso. a mostra, que permite descarregar um mapa da lisboa de pessoa para smartphones, ficará patente até ao fim de janeiro.
por fim, acaba de inaugurar o restaurante da casa fernando pessoa, flagrante delitro, que, aberto de manhã à noite, irá permitir aos visitantes um usufruto melhor da casa onde o poeta passou a última década da sua vida.