O ‘Lado B’ de Ana Rita Clara

Entrou na televisão quando a mãe a inscreveu num casting para o Curto Circuito, da SIC Radical. Passados 15 anos, quatro dos quais à frente do Mais Mulher, a apresentadora lança-se como actriz com a adaptação cinematográfica do romance de Margarida Rebelo Pinto, Sei Lá. “Acredito que isto seja o lado B da minha vida”.

apesar de ter optado pela licenciatura de sociologia, ao olhar para trás ana rita clara percebe que o bichinho do pequeno ecrã esteve sempre presente: “é curioso que aos cinco anos de idade imitava a filipa vacondeus. fazia obviamente sempre uma ‘salganhada’ na cozinha da minha mãe. ela achava muita graça e achou que eu tinha um grande potencial para comunicar, tanto que foi ela a culpada por inscrever-me no primeiro casting de televisão”.

esse casting foi para o programa curto circuito, na sic radical. ana rita tinha 19 anos e a paixão pela comunicação falou mais alto: “houve um dia em que comecei a questionar a falta que a comunicação fazia de uma forma mais presente porque isto da televisão acaba por ser um bocadinho viciante, no bom sentido”.

desde então tornou-se uma presença habitual nos ecrãs, em programas como xpto, na rtp n, inimigo público, êxtase e extra, todos na sic, entre tantos outros. mas o ‘salto’ dá-se quando vai substituir adelaide de sousa no programa o mundo das mulheres, na sic mulher: “realmente percebi que era aquilo que queria fazer, que me dava imenso prazer ter um talk show em que se parava para conversar. após esse programa, a sic mulher convidou-me então para integrar o canal e ficar à frente do mais mulher”.

há quatro anos no comando de mais mulher, a apresentadora diz-se preparada para abraçar novos desafios. “na sic mulher sempre tive uma casa onde me sinto muito bem mas, naturalmente, como qualquer boa filha também quero sair de casa e voar cada vez mais. como não tenho contrato de exclusividade com a sic, é uma relação de trabalho e afectiva. estou disponível para os convites que surgirem mas continuo muito motivada. são quatro anos de programa e que venham muitos mais”.

além desta faceta de apresentadora, ana rita clara deu asas a outra das suas grandes paixões: a representação, uma área que esteve nos ‘bastidores’ da sua carreira durante vários anos (integrou um grupo de teatro enquanto estudava na universidade do minho e fez vários cursos de representação). depois de algumas participações em novelas da sic, ana rita vai interpretar uma das personagens principais no filme sei lá, uma adaptação do romance de margarida rebelo pinto. no filme, que tem estreia marcada para o seu dia de aniversário, 27 de fevereiro, a apresentadora contracena com veteranos do mundo da sétima arte portuguesa como leonor seixas, antónio pedro cerdeira, rita pereira e pedro granger. o realizador é joaquim leitão e tino navarro o produtor.

ana rita clara não teme tornar-se um exemplo do cliché da apresentadora que se tornou actriz. “acho que o povo português tem de deixar de ser formatado e aceitar que as pessoas são versáteis e podem ser talentosas em várias áreas. estou muito feliz por ter tido esta oportunidade porque acredito e quero que isto seja um lado b da minha vida”.

mas sua vida profissional não fica por aqui. além da ter uma produtora de audiovisuais, a drop produções, a apresentadora escreve uma crónica semanal para o jornal metro há um ano e meio, e está prestes a começar a coordenar uma pós-graduação de consultoria de moda e imagem no instituto português de administração de marketing (ipam). isto sem falar nas várias iniciativas de solidariedade por que tem dado a cara – sendo a mais recente a campanha da laço contra o cancro da mama.

ana rita clara é também uma presença assídua nas redes sociais, onde diariamente coloca fotografias e motes de conversa para os seus seguidores, pondo-os a par do seu dia-a-dia e dando-lhes uma visão do que se passa atrás das câmaras. “tenho uma relação contínua e diária com o facebook e com o instagram, mas sobretudo para alimentar uma relação com pessoas que me seguem há tanto tempo, porque pode haver uma boa partilha. mas não podemos descurar a nossa privacidade”.

com uma mão cheia de projectos em curso, ana rita clara espera ainda que o seu caminho seja brindado com “mais cinema, grandes papéis e mais programas de televisão para poder continuar a crescer e a voar”. “a televisão no nosso país também precisa de novas vozes e de crescer. é preciso conseguir fazer uma televisão de proximidade sem se cair em sensacionalismos. acho que o caminho pode ser outro e eu gostava de estar na frente do processo”.

rita.porto@sol.pt