helena roseta pôs no mesmo plano a violência das medidas de austeridade que “privam um povo dos seus direitos” e a violência bruta das massas, para tirar a conclusão de que “é legítima a violência para pôr cabo à violência”. e vasco lourenço, no seu estilo trauliteiro, considerou que “o poder foi assaltado por um bando de mentirosos, corruptos, que ou saem enquanto têm tempo ou qualquer dia vão ser corridos à paulada”.
foi neste tom, entre o radicalismo senil e o catastrofismo à solta, que decorreu o encontro da aula magna. no dia seguinte, ao perceberem que a bravata política tinha ido longe demais, tentaram dar o dito por não dito. “se falei em violência foi para prevenir as pessoas e para a evitar”, emendou mário soares. “essa acusação de incitamento à violência é absurda. tentam torcer as palavras de mário soares”, veio acrescentar josé sócrates. serem corridos à paulada ou saírem enquanto podem pelo seu pé não configura, pois, qualquer apelo ou incitamento à violência – nós é que somos todos parvos e percebemos mal o que ouvimos.
há socialistas que repudiam esta deriva irresponsável e antidemocrática do soarismo serôdio. como francisco assis, que se demarcou do “exagero claro que é o pedido de demissão do pr” feito por soares. ou luís amado, que não se coíbe de afirmar que projectar a queda de “um pr eleito e de um governo com uma maioria parlamentar” através de “acções de massas e pela pressão da rua é próprio de uma tradição revolucionária ou poujadista, que tem sempre subjacente um apelo à violência”.
já antónio costa, para quem parece valer tudo em política, diz: “gostei do que ouvi na aula magna”. os fins justificam os meios. e acrescenta que mário soares ocupa “um vazio na política e do próprio ps”. ao mesmo tempo, josé sócrates vem assegurar que “antónio costa é o político mais popular do país!” de facto, estão bem um para o outro. seguro que se cuide.