SOL&SOMBRA

O mais e menos da semana visto por José António Lima.

sol

miguel macedo

ao demitir o director nacional da psp, logo na manhã seguinte aos incidentes na escadaria de s. bento, o ministro da administração interna deu um exemplo de rapidez na decisão, clareza na mensagem e firmeza nos princípios. foi uma afirmação de autoridade política face a um crescendo de sublevação das forças de segurança. que afrontaram provocatoriamente o poder democrático, num misto de revisitação do cerco da constituinte e do assalto ao palácio de inverno (e numa encenação com todo o ar de ter sido previamente combinada). inaceitável – considerou o ministro. e agiu em conformidade. para que não se repita.

manuel machado

sucede na presidência da anmp aos 12 anos de liderança de fernando ruas. e o socialista que reconquistou a câmara de coimbra também já entra na categoria dos dinossauros autárquicos depois de ter estado à frente do município coimbrão entre 1989 e 2001. em tempos de crise e de dificuldades de financiamento, não lhe será fácil fazer da anmp ‘mais do que um sindicato de presidentes de câmara’, como diz pretender.

& sombra

cavaco silva

é difícil perceber a invulgar contundência da adjectivação e dos considerandos que faz no envio para o tc do diploma de convergência das pensões: ‘conduta furtiva do legislador’, ‘regime sacrificial’, ‘um imposto especial’ e por aí fora. politicamente, é a incoerência total de quem advoga que é preciso cortar na despesa do ‘monstro’ e depois se opõe a quaisquer cortes: nas pensões, nos salários ou nos despedimentos. que alternativa propõe, então, o pr? pessoalmente, sendo ele um pensionista também atingido, deveria ser esta a matéria em que deveria guardar maior recato e distanciamento verbal. faz precisamente o contrário – e só perde com isso.

arménio carlos

não lhe bastava o grupo parlamentar da cgtp, que ocupa ruidosamente as galerias do parlamento em protestos arruaceiros e antidemocráticos. agora, tem pequenos grupos organizados a invadir ministérios pela força e em gritarias previamente orquestradas. talvez sejam os ecos da aula magna e dos apelos à violência nas ruas que alimentam esta espécie de guerrilha urbana sindical. mas é um caminho perigoso e que se arrisca a colocar a cgtp à margem da lei.