e toda a esquerda exultará com a saída da troika, desde um pcp tão nacionalista quanto portas ao bloco, passando pela ala soarista-alegrista do ps. mas há quem, pelo contrário, olhe com apreensão para julho de 2014 e tema o que vai acontecer ao país sem troika.
porque a propensão de portugal, sem a fiscalização externa e a imposição de programas a cumprir, é facilitar, deixar-se atrasar na europa, perder competitividade na economia, gastar mais do que produz, fazer crescer um estado clientelar e insustentável, acumular dívidas atrás de dívidas.
na verdade, é esse o retrato fiel e sem disfarces destes 30 anos que decorreram entre o recurso ao fmi em 1983 e o actual pedido de ajuda à troika – em ambos os casos, com o estado português à beira da bancarrota.
mesmo nos períodos de maior progresso e desenvolvimento económico, o país derrapou sempre na disciplina financeira e na produtividade. os dez anos de crescimento e modernização de cavaco silva como primeiro-ministro tiveram, como reverso, a expansão do insaciável ‘monstro’ da despesa do estado, que disparou com o novo sistema retributivo da função pública ou o 14.º mês dos pensionistas. a seguir, com antónio guterres, vieram os anos do despesismo público sem limites, na festa da expo 98, nos estádios do euro e em tudo o mais. com os governos de durão barroso e josé sócrates, os milhões dos fundos europeus a continuarem a afluir aos cofres nacionais e a entrada no clube dos ricos do euro, a receita despesista só se agravou.
calcule-se, pois, sem a exigência da troika, o que virá aí a partir de julho de 2014.
é fácil adivinhar o que irá custar ao país a pulsão eleitoralista de portas e da coligação psd/cds com legislativas à vista em 2015. e treme-se só de pensar o que fará um governo do ps, seja ele de seguro ou de costa, sem o travão e a disciplina da troika. será uma questão de tempo até ao próximo resgate.