Mais uma aventura de Astérix

Em matéria de mexilhões, não há quem vença os belgas. Este bivalve, cozinhado de mil e uma maneiras, é o prato nacional do país e, claro, não podia deixar de ser acompanhado pelas eternas batatas fritas.

 este hábito gastronómico tem tanta força histórica que não passou despercebido ao crivo crítico de albert uderzo e rené goscinny, os autores franceses da célebre banda desenhada astérix, criada em 1959. num dos álbuns (foram vendidos em todo o mundo mais de 350 milhões de exemplares) aparece obelix a mostrar ao chefe da aldeia (abraracourcix) parte do casco do barco dos piratas com alguns mexilhões a ele agarrados, cena que o chefe logo termina com uma hilariante ‘premonição’: “vais ver que um dia ainda vão acompanhar isto com batatas fritas”.

colocando o humor francês de parte, tão viperino no que aos belgas diz respeito, partimos em demanda deste molusco, tão difícil de degustar na capital portuguesa, pelo menos numa confecção que não levante dúvidas. quem vier a lisboa, aconselho uma ida (com prévia reserva) ao restaurante bebel bistro, mesmo em frente à escadaria da assembleia da república, local onde a proprietária e cozinheira nele duportail confecciona uns magníficos mexilhões, que eu tive a oportunidade de provar com molho marinière, com molho frites e à provençale.

uma delícia, digo-vos eu, para mais acompanhada com vinhos da lavradores de feitoria, que estiveram à altura da magia das mãos de nele. os mexilhões à marinière (manteiga, cebola, louro, aipo, tomilho, vinho branco e pimenta preta) foram servidos com o três bagos branco 2011, um vinho bastante frutado no aroma, muito mineral e fresco, que apresenta uma boa acidez e um final muito expressivo.

depois vieram as moules et frites (manteiga, cebola, louro, alho com casca, tomate, orégãos, natas e erva-doce), casadas com o lavradores de feitoria rosé 2012, igualmente muito frutado, com aromas a cereja e ameixa vermelha, elegante na boca e com final equilibrado.

finalmente, os mexilhões à provençale (azeite, bacon, cebola, alho, louro, tomilho, pimento vermelho, malaguetas, curgete, erva de provence, vinho branco, tomate seco, açúcar, pimenta preta e pistou) foram acompanhados por um soberbo três bagos sauvignon blanc 2012. com notas de fruta bem madura, toques tropicais e um final de boca longo, constituiu óptimo final para mais uma aventura de … astérix.

três bagos branco
ano: 2011
região: douro
castas: viosinho (50%), gouveio (40%) e malvasia fina (10%)

lavradores de feitoria rosé
ano: 2012
região: douro
castas: touriga nacional

três bagos sauvignon blanc
ano: 2012
região: douro
castas: sauvignon blanc

jmoroso@netcabo.pt