o protesto começou por volta das 12h00, mas foram muitos os enfermeiros que chegaram depois disso, oriundos dos centros de saúde onde trabalham e nos quais são agora obrigados a parar durante uma hora para o almoço.
com eles vieram as lancheiras: sopa quente para matar o frio, sandes, sumos e fruta.
olga moreira, enfermeira especialista em obstetrícia na unidade de cuidados de saúde personalizados (ucsp) da lapa, disse à lusa que a medida está “a cortar a acessibilidade que é devida aos utentes”.
“na minha hora de almoço, que me foi estipulada entre as 13h00 e as 14h00, é quando há o auge do atendimento. para eu ir almoçar não fica a enfermeira a fazer o atendimento. ficarão os médicos, mas sem o devido atendimento de enfermagem”, explicou.
para esta enfermeira, a medida “não faz sentido, porque não melhora”.
a justificação de que esta imposição de uma hora de intervalo para o almoço aumenta a acessibilidade para os doentes também não é aceite por olga moreira.
“o que acontece é que a hora que prolongamos até às 17h00 não é rentável, porque nessa hora os atendimentos são escassos”, adiantou.
vigiados por mais de uma dezena de polícias, os manifestantes — que se encontram em greve desde as 12h00 — aproveitaram para partilhar com os colegas as dificuldades deste novo horário.
rui marron, do sindicato dos enfermeiros portugueses (sep), que organizou o protesto, classifica a medida como uma “acção de prepotência da ars de lisboa e vale do tejo”.
“os enfermeiros há 22 anos que exercem em continuidade os cuidados, dentro da sua jornada de trabalho, interrompendo meia hora para a refeição, mas estando disponíveis nas unidades de saúde para essa prestação de cuidados, quer nos cuidados de saúde primários, nos hospitais e até no sector privado”.
para este sindicalista, a medida reduz a acessibilidade dos utentes.
contudo, sublinhou, “os enfermeiros mantêm na prática a jornada contínua onde essa imposição está a acontecer, não são é remunerados por isso, o que é uma exploração e uma injustiça”.
o sep promete “continuar com acções de protesto até a situação ser resolvida e corrigida a injustiça”.
a este propósito, recordou que o sindicato requereu em março uma reunião com a ars de lisboa e vale do tejo sobre diversas questões, mas não obteve resposta.
“com esta situação [imposição de uma hora de intervalo para almoço] desencadeada em setembro, pedimos uma nova reunião, em outubro, com uma fundamentação jurídica em que fundamentamos a manutenção da jornada contínua”, não tendo a ars de lisboa e vale do tejo respondido, disse.