A UE e a independência da Catalunha

Tudo indica que o líder dos nacionalistas catalães, na sua tensão com o PP e o Governo de Madrid, ao lançar o tema da independência, criou uma bola de neve cujo controlo lhe poderá escapar. Porque a verdade é que os catalães têm um ódio histórico a Castela, e num eventual referendo sobre a independência…

ora os dirigentes nacionalistas catalães são gente moderada, que nesta época de vacas magras pretendiam apenas diminuir a factura fiscal que, pela sua maior riqueza, pagam para o resto de espanha. o pais basco, que era também uma das autonomias mais ricas, talvez pelo medo do terrorismo da eta, conseguiu um estatuto em que fica praticamente com a totalidade dos impostos gerados na região. mas a reacção do primeiro-ministro espanhol, o conservador rajoy, foi fechada e rígida. más, o dirigente nacionalista catalão que governa a autonomia, lá teve de avançar um passo. e assim, passo a passo, não admira que a catalunha se veja de repente a votar pela independência.

a ue, sempre desajeitada, e pensando ajudar o também desajeitado rajoy, ameaça com a expulsão de uma catalunha independente – enfurecendo ainda mais os catalães, e levando-os a uma maior determinação na sua convicção.

também nisto a ue é desajeitada. felizmente, só pode expulsar a catalunha das instituições comunitárias, não se percebendo com vantagem para quem; mas não a pode separar fisicamente da europa, como saramago, em ficção, pretendeu fazer com toda a península ibérica. é a diferença entre uns medíocres burocratas europeus e um escritor de talento e nobel da literatura.