as afirmações do presidente do banco central europeu (bce) foram corrigidas posteriormente – draghi clarificou que “é portugal que tem de decidir a sua saída” – mas a indicação de que o país necessitaria de um novo programa espelha o sentimento dos investidores: portugal tem hipóteses de conseguir um programa cautelar, mas é muito pouco provável que consiga uma saída ‘limpa’ como a irlanda.
“os mercados parecem atribuir uma razoável probabilidade à hipótese de portugal precisar de mais ajuda após terminado o actual programa, um motivo para as palavras do presidente do bce não causarem grande surpresa”, diz albino oliveira, da corretora fincor. os analistas lembram que os juros no mercado secundário serão o factor decisivo. os juros portugueses estão longe dos 4% que a irlanda gozava a seis meses de terminar o programa.
acordo na união bancária
a semana ficou também marcada pelo acordo sobre a união bancária na europa. os ministros das finanças europeus chegaram a entendimento sobre as regras de dissolução e recuperação dos bancos em dificuldades e sobre a criação de um fundo para a recapitalização das instituições financeiras.
o fundo terá uma verba de 55 mil milhões de euros para os próximos 10 anos. será financiado pelo sector financeiro e não pelo fundo de resgate europeu, uma exigência alemã. porém, o recurso a este fundo será a última fase na gestão de um banco com problemas financeiros.
os accionistas são os primeiros a assumir perdas, seguindo-se os credores e os clientes com mais de 100 mil euros em depósitos. se falharem estas etapas, então entra em acção o fundo, caso o bce decida salvar esse banco e não fechá-lo.