Terroristas ou guerrilheiros – eis a questão

Num dos seus artigos de opinião no Público, o advogado Francisco Teixeira da Mota, a propósito dos contenciosos judiciais entre Lisboa e Luanda fomentados por oposicionistas angolanos, fazia assim há dias a distinção entre terroristas e guerrilheiros: os primeiros utilizam tácticas de destruição, enquanto os segundos apenas de desocultação, permitindo-nos conhecer aquilo que nos é…

passou-se o caso em 23 de fevereiro de 1983, quando, no meio de uma tentativa de golpe de estado em espanha, um boçal ten.-cor. terrero de molina entrou pelo congresso dos deputados aos tiros. o então correspondente da rtp (então única televisão a operar em portugal) em madrid, o já falecido vasco lourinho, começou por noticiar o assunto de semblante franzido e crítico, anunciando que ‘terroristas’ estavam a ocupar o parlamento espanhol. no entanto, com o avançar do dia, lourinho, sabendo que se tratava de gente mais do seu agrado, deixou de franzir o sobrolho, e passou a chamar-lhes ‘guerrilheiros’.

ao conhecer mais tarde vasco lourinho, comentei com ele este seu episódio jornalístico. à parte qualidades e defeitos que tivesse, era uma pessoa simpática e bem humorada, que gostava de exagerar as suas simpatias franquistas e de extrema-direita. e lá explicou depois, com base neste seu ponto de vista, como distinguia ele os terroristas (em espanha, objectivamente os da eta ou dos mais antigos grapos) e os guerrilheiros (gente que considerava mais idealista, a querer apenas repor práticas de um regime em que acreditava). no fundo, achava que os métodos até podiam ser os mesmos.

enfim, histórias de outros tempos.

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