o próprio serifo nhamadjo, presidente da polémica e golpista transição da guiné bissau, disse que «o incidente complicou as relações com portugal, afectou a imagem externa da guiné-bissau e ainda «lesa a dignidade dos guineenses» (se este governo lhes permitir isso).
já o ministro dos estrangeiros tinha ido na mesma linha.
tem-se falado na guiné-bissau como um estado falhado. não se trata das diferenças culturais de áfrica, que a podem distanciar das democracias ocidentais, mas realmente da ausência de estado (sem democracia, sem ditadura, sem nada a não ser alguns tráficos e o uso do poder politico para os suportar).
claro que, mesmo para os tráficos, faz falta algum sossego. e um ministro, como fernando vaz, porta-voz daquela situação, de estado e da presidência, limita-se a lançar achas na fogueira e insultos inconsequentes contra portugal (ora ameaçando a tap de nunca mais voar para lá, quando a tap pelos vistos nem tem interesse nesse mercado; ora criticando figuras do estado português, como o presidente da república). no fundo, só prejudica os negócios que aparentemente visa defender. tanto mais que, depois de elementos da justiça da própria guiné se terem pronunciado no mesmo sentido do presidente e do mne, o tal ministro mostra uma grande incapacidade de informação e compreensão das coisas.
por outro lado, soa estranho saber-se que um ministro, ouvido pelas autoridades judiciais, apesar de estar demissionário (e afinal em funções), se faz acompanhar de escolta para o interrogatório, e consegue sair sem acusações claramente formuladas (o principal responsável apurado, ministro do interior). embora essas acusações sejam depois oficialmente feitas.
enfim, a guiné é um estado demasiadamente falhado, mesmo para os tráficos de que é acusada. e alguns ministros ganhariam em ser calados, para bem dos seus próprios amigos.
ficámos a saber pela entrevista do ministro vaz ao expresso que a tap não ficou nada mal. além do pretexto para acabar com uma linha que não lhe interessa, ainda deve 6 milhões de dólares a bissau, pelo que está em condições de se auto ressarcir de eventuais prejuízos. o que talvez seja indiferente ao actual governo (certamente mais preocupado com a má impressão internacional causada pelo incidente, sobretudo em áfrica), mas não deixa de ser agradável para a tap.