A extrema direita a subir na Europa

Os jornais, que se deliciam a dar voz aos maiores disparates das figuras de extrema direita, têm igualmente manifestado preocupação pela subida previsível nas sondagens que esse sector politico registará nas próximas eleições europeias.

admite-se que o partido de marine le pen, a frente nacional, venha a ser o mais votado de frança nas europeias de maio próximo, obtendo 25% dos votos (o que lhe permitirá passar de 3 deputados europeus para 20). vitória semelhante poderá registar em inglaterra o ukip, de nigel farage (este, elegeu em 2009 10 deputados e tem as intenções de voto actais medidas em 25%).

mas, para conseguir fazer um grupo parlamentar próprio, é necessário contar com um mínimo de 25 deputados de 7 países diferentes – o que obrigará a alianças difíceis. por exemplo, a fn francesa não luta contra o aborto, mas gosta de ignorar o holocausto. já a extrema direita holandesa, do partido para a liberdade, de geert wilders, é islamófoba e pró-israelita. finalmente, o ukip apoia a imigração de trabalhadores externos. e nenhum destes, que já conseguiram votações expressivas e se consideram respeitáveis, gosta de se misturar com radicais mais violentos, como os do húngaro jobbik ou do grego aurora doirada. para já não falar das divergências económicas, entre os que defendem um estado social e os hiper-liberais.

para já, marine le pen parece ter conseguido uma aliança com geert wilders. e até pode ser que a necessidade a faça estender a outros (para poderem gozar melhor algumas dispendiosas mordomias do pe, apenas acessíveis a grupos parlamentares constituídos). mas conseguirão manter uma voz unida no pe? palco e microfone, talvez, a avaliar pelos instintos actuais de alguma imprensa. mas mais do que isso?

de resto, mesmo com alguns partidos mais votados nos seus países (talvez em frança e inglaterra), estarão longe de ser maioritários aí, ou menos ainda no pe. e lá se espera o regresso do partido austríaco de haider (outro partido da liberdade, como o holandês, agora liderado por heinz-christian strache), e o fulgor dos verdadeiros finlandeses de timo soini (estes, nacionalistas e cristãos) – para já não falar de habitués do poder, como os italianos da liga norte.

enfim, o tea party europeu só incomodará se os partidos do sistema continuarem na via da corrupção, das mordomias politicas e da falta de alternativas reais – e se limitarem a adoptar posições de extrema-direita convencidos de que essa é a melhor maneira de a combater, esvaziando-a, a tal extrema-direita, o que tem sido naturalmente contraproducente. mas merkel tem sabido manter de pianinho os seus compatriotas da alternativa para a alemanha, de bernd lucke, embora se possa dizer que eles acabaram por forçá-la à grande coligação, com os votos que conquistaram em setembro.