“a relação entre os dois já decorria há quase cinco anos. quando o homem foi visitar a jovem a sua casa na segunda-feira para a pedir em casamento, os aldeões viram-no e organizaram um ‘tribunal canguru’ [espécie de tribunal simulado, geralmente numa comunidade rural, sem qualquer base legal]”, explicou o chefe da polícia ao correspondente da bbc na índia. de acordo com o código local, é proibida a relação entre pessoas de diferentes comunidades.
na sequência da reunião do conselho da aldeia, onde o casal se manteve sentado e de mãos atadas, foi ordenado a cada um o pagamento de 25 mil rupias (cerca de 290€) pelo “crime de se terem apaixonado” por uma pessoa de outra aldeia. o homem pagou mas a família da mulher não conseguiu reunir essa quantia. razão pela qual o chefe da tribo ordenou a sentença de violação.
o caso ocorreu na passada segunda-feira, mas a denúncia por parte da família da mulher só foi feita ontem, quarta-feira. dia em que a jovem de 20 anos foi hospitalizada.
desde que rebentou a polémica em torno do caso da jovem abusada sexualmente por um gangue num autocarro, em 2012, várias têm sido as denúncias de casos de violação colectiva na índia. e muitos são os casos que permanecem ocultados. de acordo com os dados mais recentes do gabinete nacional de registos criminais, em 2012, uma mulher era violada na índia a cada 21 minutos. estatísticas que, segundo as autoridades, reflectem o aumento da confiança das mulheres para denunciarem os ataques.
perante este cenário, o governo indiano tem vindo a apertar as leis que criminalizam a violência contra mulheres enquanto luta por afastar a ideia de que a índia não é um país seguro para o sexo feminino. o cenário agravou-se quando, na semana passada, uma turista dinamarquesa de 51 anos foi agredida sexualmente por um gangue em pleno centro de nova deli, a dois passos do palácio presidencial.
