vivi 14 anos em espanha e reparei que, embora a igreja castelhana (não a de toda a espanha) seja hoje muito mais conservadora do que a portuguesa, talvez por ter vivido o vaticano como uma figura tão grande como tarancón («tarancón al paredón», gritavam os franquistas), age de forma muito mais progressista e de acordo com o vaticano. os sacerdotes e bispos tratam apenas de questões espirituais, deixando toda a decisão sobre coisas mais terrenas (património, coros, etc.) aos leigos. e os porta-vozes lá funcionam tão bem como em itália. põem os bispos a falar, e mal se dá por eles.
pois o nosso morujão foi incluído recentemente pelo dn, numa reportagem em que este jornal pôs vários padres mediáticos a comentarem a forma como o papa tem actuado contra os abusos sexuais – desde o mons. feytor pinto ao pe. prof. anselmo borges, passando pelo pe. morujão. pois todos disseram coisas naturais e interessantes sobre a luta deste e do anterior papa contra os abusos sexuais dentro da igreja, designadamente dos padres e bispos. só morujão, talvez por não ter o dom da palavra, definitivamente por ser um mau porta-voz, achou que devia qualificar o papa, neste caso, com este adjectivo: «coragem, corajoso». portanto, na opinião de morujão, um papa, para seguir os evangelhos, precisa de ter uma coragem excepcional, que outros não tiveram. será uma crítica a joão paulo ii? ou uma forma subtil de contribuir para a campanha contra a sua canonização?
tudo isso estava no seu direito. mas sem aproveitar a posição de porta-voz – de que devia demitir-se, ou ser demitido.