sol
teresa leal coelho
na lamentável manigância política a que se prestou a bancada parlamentar do psd, a propósito da co-adopção, a demissão da sua vice-presidente surgiu como uma rara afirmação de coerência e dignidade entre deputados que se sujeitam às mais desprestigiantes limitações à liberdade de pensamento e ao seu estatuto de eleitos. a golpaça de impor um abstruso referendo para emendar a mão de uma votação anteriormente perdida por inépcia foi um expediente humilhante para o parlamento, em geral, e para a bancada do psd, em particular. salvou-se a atitude corajosa da vice-presidente laranja.
maria luís albuquerque
o défice de 2013 fica nos 5%, bem abaixo do objectivo fixado, os juros a 10 anos da dívida portuguesa já estão em menos de 5%, as agências de rating aliviam as suas avaliações negativas de portugal e até a troika revê em alta o crescimento do pib nacional em 2014. a tese da espiral recessiva da austeridade – antes defendida como um dogma, da esquerda em geral ao próprio pr – caiu por terra. e a ministra das finanças tem boas razões para sorrir e confiar numa saída sem sobressaltos, em maio/junho, do programa de assistência financeira da troika.
sombra
passos coelho
ao sentir-se menos pressionado e condicionado pelos números da situação económica e financeira, parece ter aumentado a sua tendência para o disparate no terreno da política pura. a chico-espertice do referendo sobre a co-adopção, em que se envolveu directa e pessoalmente a nível interno do psd, é um tiro no pé, que colocou em polvorosa a bancada laranja, obrigou o cds a distanciar-se e deixou o país abismado pelo despropósito da iniciativa. e a picardia que levou ao afastamento de marcelo das presidenciais era desnecessária e contraproducente. uma semana para esquecer.
alberto joão jardim
a tentativa de afastar disciplinarmente, com expulsões e processos, os seus opositores internos (em particular, miguel albuquerque) das eleições no psd/madeira, a realizar no final do ano, é o melhor espelho dos métodos autoritários e antidemocráticos que o líder madeirense sempre adoptou. mas revela, também, o desespero de um político já muito fragilizado e em fim de ciclo.