Nesta produção, dois músicos rock (guitarra e bateria) encarnam o papel de coro e representam os fantasmas que atormentam D. Madalena, que receia o regresso do primeiro marido, D. João de Portugal. Presumivelmente desaparecido na Batalha de Alcácer-Quibir, reaparece 21 anos depois como um misterioso romeiro.
“Sou um fã incondicional do Frei Luís de Sousa, que já fiz várias vezes, e esta ideia de misturar música com o texto já tem muitos anos. Mas só percebemos posteriormente que poderia apelar ao público escolar, até porque está nos currículos de Português”, explica Jorge Pinto. Porém, o encenador – que também interpreta o papel do aio Telmo Pais – admite que quis dar ao texto uma componente “fantástica” que o torna mais acessível: “Pedi à Cátia Barros, que trata dos figurinos, algo que apontasse para vampiros, que têm estado em voga com a saga Eclipse, e um pouco de Matrix. A peça é para todos, mas nunca deixei de pensar nos jovens porque quero trabalhar com eles”.
A banda sonora – que se aproxima a espaços do metal – tem “tanta importância” como o texto e Jorge Pinto nem se importa que o espectáculo seja descrito como um “concerto a que são acrescentados trechos” de Frei Luís de Sousa. “O Telmo Pais aproveita a honra e o temor a Deus de D. Madalena, que a Emília Silvestre protagoniza com toda a sua experiência, para lhe instigar o terror. Os músicos fazem-no com a música”, sublinha. A própria imponência do claustro amplifica a atmosfera austera e quase gore de Madalena, em cena até 14 de Fevereiro.