De facto, o mínimo de votos necessário para eleger um representante é bastante mais elevado em eleições europeias do que em legislativas ou autárquicas.
No mínimo, 135 mil votos
Em 2009, Portugal elegeu 22 representantes do total de 754 eurodeputados do PE. E o último e 22.º a ser eleito pelo método de Hondt foi o terceiro representante do BE, com 127.555 votos, com uma abstenção na casa dos 63%. O que significa que o MPT teria agora que multiplicar os 24.062 votos de 2009 por 5,3 vezes para eleger o seu cabeça-de-lista.
E a já difícil, ou quase impossível, tarefa de Marinho Pinto ainda se complica mais pelo facto de Portugal passar a eleger 21 eurodeputados em 2014 (e não os 22 de 2009). Isso implica que, a manter-se o nível de abstencionistas nos 63%, como há cinco anos, o último eleito português precisará de ultrapassar, no mínimo, os 135 mil votos.
A eleição falhada de Miguel Esteves Cardoso
Recorde-se que, nas primeiras eleições europeias em que Portugal participou, no ano de 1987, foi muito falada a candidatura de Miguel Esteves Cardoso pelo Partido Popular Monárquico (PPM). As eleições legislativas e europeias realizaram-se nesse ano em simultâneo, no dia 19 de Julho. E Esteves Cardoso conseguiu quase multiplicar por sete os 23.218 votos do PPM nas legislativas, levando a lista europeia dos monárquicos a atingir uns surpreendentes 155.990 votantes.
Mas, ainda assim, essa expressiva votação ficou a mais de 50 mil votos do limiar mínimo de eleição – o 24.º e último eurodeputado então eleito, o 10.º do PSD, precisou de 211.182 votos, bem acima do resultado de Esteves Cardoso.