O stock em causa contempla os activos imobiliários vagos, incluindo parte da carteira de imóveis da Sociedade de Activos da Reestruturação Bancária (SAREB), sociedade criada para reunir esses activos e para satisfazer o prazo fixado à banca para se desfazer dos imóveis por si detidos: 15 anos. Com base nestas e noutras variantes, a Tinsa diz que os privados devem voltar a investir na construção imobiliária, a partir do final de 2015, para estarem prontos a dar resposta ao previsível aumento de procura de imóveis dos anos seguintes.
Na base deste regresso do sector à locomotiva da economia, em Espanha, onde a situação foi muito pior do que a de Portugal, na base deste regresso está a recuperação do produto interno bruto (PIB) e a diminuição do crescimento do desemprego, que aqui ao lado é bem mais forte do que o nosso. Em Portugal, mesmo nestes anos de crise, sempre houve procura e oferta – o que falhava era a confiança e a capacidade da procura encontrar o financiamento necessário.
Este financiamento terá de reaparecer, com os cuidados que qualquer financiamento deve exigir, normalidade que contribuirá para que não haja desvalorização do nosso património construído, em consequência da inexistência de uma bolha imobiliária entre nós, e para que os preços regressem aos valores de um mercado saudável. Registe-se, a propósito, que o mercado imobiliário residencial em Portugal já denota sinais de recuperação, com os preços a subir em dois trimestres consecutivos. Isso deveria traduzir-se numa confiança ainda maior do que a que sustenta as boas notícias que se anunciam para Espanha.
O que falha, entre nós, não é o mercado imobiliário que continua a existir, com oferta e com procura e cujo stock de excedentes imobiliários não é mais difícil de absorver, numa economia normal, do que o de Espanha, tendo nomeadamente em conta o que é importante sublinhar bem sublinhado, que não houve qualquer bolha imobiliária entre nós, nomeadamente nos últimos dez anos. O que falta entre nós para que o imobiliário reassuma a sua vocação de motor de crescimento e de desenvolvimento é precisamente a economia.
Se em Espanha 2015 é já apontado como o ano do início da recuperação do sector da construção e do imobiliário, entre nós devíamos estar já em velocidade de cruzeiro, pela via da Reabilitação Urbana, do Turismo Residencial e das perspectivas que legitimaram o compromisso para a competitividade sustentável da construção e do imobiliário, ainda não há muito tempo assinado com pompa e circunstância.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente