Rosa e Filipe, uma história de amor ‘bordada’ pelos lenços de namorados

Os tradicionais lenços de namorados ‘bordaram’ a história de amor de Rosa e Filipe, que começou numa relação de formadora e formando, mas resultou num namoro de dois anos e num casamento que já dura há 15.

A história tem por base uma ‘subversão’ da tradição, já que, neste caso foi ele “quem se chegou à frente”, oferecendo à sua pretendida um lenço de namorados, peça típica do Minho que, segundo a tradição, era oferecida pelas raparigas.

Tudo começou há 17 anos, quando Rosa já era formadora na área dos bordados de lenços de namorados, em Vila Verde.

Numas férias de verão, Filipe, então estudante universitário e actualmente agente da PSP, foi frequentar um curso ministrado por Rosa.

Fez um lenço dos mais difíceis, em ponto de cruz, e no final, em vez de ficar com ele, ofereceu-o à formadora, acompanhado de um pedido de casamento.

“Começámos a namorar e passados dois anos casámos”, recorda Rosa, hoje com 42 anos, tal como o marido.

Além dos nomes de um e de outro, da data do namoro e de figuras de pombas, o lenço, colocado em lugar de destaque no quarto do casal, tem inscrita a frase “Hão de estas pombas voar quando o nosso amor acabar”.

“Como aquelas pombas não voam, penso que o amor nunca vai acabar”, atira Rosa, num tom de voz e numa expressão que reflectem claramente que dizer “penso” significa, neste caso, “tenho a certeza de”.

Segundo a tradição, a rapariga que estivesse interessada num rapaz bordava um lenço de namorados e oferecia-lho. Se ele usasse o lenço na missa de domingo, era sinal de que aceitava o namoro.

Hoje, como diz Rosa, bordadeira desde os 16 anos, a tradição “inverteu-se um pouco”, já que “são mais eles” que oferecem os lenços, motivados, quem sabe, pelo caso de sucesso do Filipe.

A intenção, agora, já não é pedir namoro nem sequer “pedir a mão”, mas antes manifestar o apreço, a amizade ou o amor pelo destinatário do lenço.

Lusa/SOL