O júri, que decidiu por maioria, justificou a escolha por considerar que, como se lê em acta, ‘Uma Mentira Mil Vezes Repetida’ “constitui uma singular parábola sobre a literatura e o seu poder redentor. Esta narrativa permite lançar pontes para uma reflexão sobre os totalitarismos (…) sem deixar de se ancorar num quotidiano prosaico de uma cidade reconhecível na qual irrompem laivos de actualidade”.
Presente no Casino da Póvoa, o jornalista Manuel Jorge Marmelo, que há um ano foi despedido do jornal Público na sequência de um despedimento colectivo, mostrou-se comovido com a atribuição do prémio. “Estou habituado a estar desse lado, a ver gente que admiro muito receber o prémio, como Hélia Correia e Rubem Fonseca”.
“Este prémio vem numa altura em que estou a atravessar uma das fases mais difíceis da minha vida porque estou desempregado (…) receber um prémio destes, nesta altura, é um suplemento de ânimo de que estava a precisar ao fim de um ano e tal desempregado. (…) Há dois anos, saí daqui mais manco que o Rubem Fonseca, de muletas, e depois fui despedido. Este ano, vou sair daqui com um cheque e uma réplica da lancha poveira”, concluiu.