Nem sequer deixou de ser gratuito para as mulheres repetentes. E, para o continuar a ser, os verdadeiros doentes – desde os cancerosos a todo os outros – têm cada vez menos apoios. Uma filha minha, com um caroço numa perna, nem sequer conseguiu fazer no público o exame para o diagnóstico, porque ao fim de 6 meses em lista de espera, o médico recomendou que se avançasse para o privado. E ainda bem que o fizemos, porque pudemos combater a doença a tempo – embora sem a gratuidade do aborto.
Sim, sou pela vida. Mas aceito a despenalização, até por respeito por quem pensa de outra maneira. Daí a onerarem os contribuintes com a mais traumatizante e onerosa forma de controlo de natalidade vai um abismo de abuso. Além disso, acho que o aborto não pode ser um método normal anticonceptivo. Preferia o Serviço Nacional de Saúde empenhado em divulgar outros métodos menos traumatizantes, e menos caros para os contribuintes.
Os que defendem o aborto livre porque não o pagam, talvez em associações, de modo a deixar o SNS para as doenças dos cidadãos? Não basta clamar que as mulheres devem fazer o que quiserem com o seu corpo (afastando os homens da decisão, embora depois os queiram a pagar pensões de alimentos). Se o corpo é só delas, porque haverão de afectar os doentes, sugando-lhes os recursos do SNS? Numa questão que nem é doença.