Casa cheia nas Correntes d’Escritas

O centro de congressos do Hotel Axis Vermar, na Póvoa de Varzim, com 600 lugares sentados, tem-se enchido para a 15.ª edição das Correntes d’Escritas, o festival literário que, até amanhã, traz mais de 60 escritores à cidade nortenha.

Hoje, o dia começou com uma equação. Sob o mote ‘palavras + correntes = x’ juntaram-se à mesa Afonso Cruz, Helder Macedo, Ivo Machado, Miguel Real, Patrícia Portela e Valério Romão. E ficou provado que a literatura é capaz de encontrar as mais diversas respostas até para uma equação aparentemente matemática, com os escritores a falarem de temas tão diversos com a vida no campo, a nova literatura portuguesa, da necessidade de remar contra a corrente, do combate à mediania, Almada Negreiros e o seu Amor, da mais valia de ignorar as regras e da importância das palavras.

À tarde, a partir do tema ‘A ficção dos livros é corrente de verdade’, Ana Margarida de Carvalho, António Mota, João Ricardo Pedro e Michel Laub, discutiram a relação entre verdade, ficção e literatura e contaram histórias de infância. E na mesa seguinte, sobre as ‘Correntes e contr(r)a-correntes se faz a poesia’, com Ana Luísa Amaral, Golgona Anghel, João Moita, Margarida Ferra e Valter Hugo Mãe, voltaram a recordar-se episódios da infância, falou-se sobre o que há, e não há, de autobiografia nos poemas e leu-se poesia.

Ontem Adriano Moreira foi o responsável pela conferência de abertura, sobre ‘A língua e o saber’ e António Gamoneda, Eduardo Lourenço, João de Melo, Lídia Jorge e Ungulani Ba Ka Khosa sentaram-se na primeira mesa do festival, com o tema ‘Pensamentos não são correntes de ninguém’, na qual se teceram duras críticas ao estado do país e à crise, se elogiou o passado na literatura, se contaram histórias íntimas e se falou da mudança de paradigma em que se vive no mundo Ocidental e sobre a linguagem e a poesia.

Hoje à noite, pelas 22h, tempo para mais uma mesa, com Carlos Quiroga, Joana Bértholo, Manuel da Silva Ramos, Manuel Jorge Marmelo, Miguel Sousa Tavares, Ondjaki e Rui Zink a garantirem, mais uma vez, a casa cheia.

rita.s.freire@sol.pt