A Oikos quer aproximar produtores agrícolas, pequenos comerciantes e consumidores através de uma plataforma digital que permita vender produtos frescos e reduzir o desperdício alimentar.
O objectivo da organização não-governamental é criar um espaço online onde, em tempo real, os agricultores de cada região indiquem que produtos e quantidades têm para comercializar, preços e prazos de validade, dando aos retalhistas locais e clientes a possibilidade de comprarem directamente para revenda ou consumo próprio.
«Tem-se falado muito de desperdício alimentar e há muitas organizações que trabalham nesse âmbito, mas sobretudo no fim da linha, ao nível do consumo. A Oikos quer ir a montante, ao início e à causa do problema», explica ao SOL o director de desenvolvimento da organização, Pedro Krupenski.
A ideia, pormenoriza, surgiu para ajudar produtores de hortofrutícolas que desistem da actividade porque não conseguem competir com os super e hipermercados. Ou que não escoam a mercadoria por não corresponderem aos padrões exigidos pelas grandes superfícies. E que, através da plataforma, poderão anunciar a produção actual, mas também futura, angariando clientes com antecedência.
«Queremos reequilibrar esta cadeia de valor, favorecendo a economia local», frisa o responsável, enfatizando que haverá ainda uma vertente solidária: a plataforma estará aberta a instituições de solidariedade social e facilitará as doações de alimentos.
«Planeamos começar com um projecto-piloto a testar no Oeste, uma região onde este problema é evidente», adianta Pedro Krupenski.
Com um investimento previsto de 250 mil a 300 mil euros, a Oikos prevê que a fase pioneira da plataforma possa estar a funcionar dentro de um ano. Mas, sendo uma organização sem fins lucrativos, a evolução do processo dependerá da angariação de fundos em curso.
Para já, a instituição está a organizar a Oikos Desafio 100K, uma corrida entre a Lourinhã e o Jamor, cujos participantes terão de contribuir com verbas através de crowdfunding.
A Oikos está já a trabalhar com parceiros tecnológicos e dos sectores agrícola e de segurança alimentar para desenvolver a plataforma. Também há contactos com autarquias e associações agrícolas para que cooperem na gestão deste espaço digital, de forma a poder alargar o projecto a outras regiões, cobrindo o país, numa segunda fase.