Um espião sem glamour

Jorge Silva Carvalho, antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e ex-quadro do grupo Ongoing, integrado por pressão própria e vontade de amigos do Poder na Presidência do Conselho de Ministros, é a nossa vergonha como espião.

Já não digo termos um James Bond elegantíssimo, acompanhado por estonteantes bond-girls, a saber pedir uma reserva especialíssima de D. Pérignon, ou algum especial Château Lafite-Rothschild, ou um Romanée-Conti de parar a respiração – ou simplesmente o martini «shaken, not stirred».

Mas ao menos que não fosse aquela deselegância gorda, sem uma miúda engraçada que se lhe veja em redor, apenas com os relatórios que devia ter queimado na mão, e as provas desleixadas da forma como ajudou o seu empregador e companheiro de maçonaria Vasconcelos, e a precisar depois de uma mãozinha de Passos para arranjar um tachito.

Senhor, dai-nos ao menos um espião um nadinha mais prazenteiro. Ao menos, a honra de um espiãozinho desenvolto.