Até ao fim

Ainda sobre a praxe académica, que merece ser discutida até às últimas consequências, Pedro Passos Coelho veio dizer que não precisamos de mais legislação sobre o tema. Concordo com o primeiro-ministro neste ponto. São as universidades que têm de proibir a prática e os argumentos a favor da proibição são simples. Uma instituição que dá…

Pode ser uma empresa de organização de eventos, mas decididamente não é um sítio que se ocupa da formação de pessoas. Quanto aos caloiros que aparecem a defender a praxe, evocando ‘o direito a serem humilhados’, há que ter a coragem de lhes dizer que estão enganados no seu desejo de frequentar o ensino superior. Tem de haver alguém que diga a estes jovens, com honestidade, que não têm perfil de universitários.

E mal acompanhado?

Está confirmada outra impressão que tínhamos: a solidão não é benéfica para a saúde e até faz pior do que a obesidade. A solidão causa insónias, aumenta a tensão sanguínea, afecta o sistema imunitário, intensifica a depressão e o stress. Um aspecto curioso do estudo é os solitários terem características em comum, como traumas de infância ou um mau relacionamento com os familiares e amigos. Nada disto é surpresa. Outras características que os solitários desenvolvem são ataques de ira, ressentimento, vitimização e egoísmo. O problema do estudo é não esclarecer se este quadro tenebroso acontece às pessoas que estão sozinhas forçada ou voluntariamente. Querer estar só será, então, uma doença? Um artista, que por definição é um ser solitário, é uma pessoa doente? E, por fim, o que fazemos nos casos de obesos sozinhos? O estudo pode ser bem intencionado, mas presta-se a sentimentalismos inúteis naquela que é uma questão complexa e interessante.

Arte roubada

A propósito da estreia do filme The Monuments Men – Os Caçadores de Tesouros, George Clooney afirmou à imprensa grega que defendia a devolução dos abusivamente chamados Mármores de Elgin a Atenas. Clooney enganou-se e falou da devolução ao “panteão” de Atenas quando se queria certamente referir ao Parténon, mas nós desculpamos o lapso porque o rapaz é giro. Os efeitos da sugestão (que está longe de ser uma novidade) não se fizeram esperar. Boris Johnson, o mayor de Londres, acusou Clooney de não estar bom da cabeça e de se comportar “como Hitler”, pois é sabido que estava planeado um saque ao Museu Britânico e que os nazis pretendiam enviar os mármores para Atenas. Clooney estaria a concordar com a agenda nazi. Por outro lado, os italianos aproveitaram para exigir a devolução da Mona Lisa, exposta no Louvre desde 1797. Clooney tem o mérito de trazer um tema sério à discussão: a arte roubada deve ser devolvida? Apesar de o transporte ser caríssimo, penso que deve.

Alimentar os trolls

Um estudo recente sobre a internet confirma o que já todos de alguma maneira sabíamos. As pessoas que andam pelos comentários online de jornais a insultar no anonimato são tão insuportáveis e infelizes no seu quotidiano como na internet. Na verdade, de acordo com as conclusões do estudo realizado na Universidade de Manitoba, no Canadá, os chamados ‘trolls’ da internet são “sádicos, psicopatas, narcisistas e maquiavélicos”. Quem considere os adjectivos elogiosos tem um problema mais grave do que o mero fraco conhecimento do português. Fazer da internet um recreio para incomodar o próximo com insultos e perseguições, manipulando a discussão nas caixas de comentários, é uma actividade querida para os falhados da vida, que, como se fosse pouco, não têm o discernimento para perceber uma regra básica da convivência entre pessoas: não te metas com quem não conheces. Há ‘trolls’ que pensam que escolhem vítimas. Até que um dia se encontram com um ‘troll’ pior.

Ao trabalho, Bourbons

No El Mundo, o colunista Gonzalo Suárez reproduziu os conselhos de especialistas de imagem para a família real espanhola. O americano Chris Artenton aconselhou o Rei a juntar a família para a informar dos podres passados, actuais e futuros. Afirma que deveria informar a imprensa, adiantando-se a novas investidas: ‘mais acção e menos reacção’. A maior parte dos peritos aconselha a Infanta Cristina a pedir desculpa, devolver o dinheiro e desaparecer para África ou para a América do Sul em acções humanitárias, à espera de ser ‘descoberta’ por algum jornalista. Letizia terá de fazer de Diana e abraçar projectos como o combate à utilização de minas. O Rei não deve abdicar até o processo estar concluído. Entretanto, o Príncipe Felipe deve ser mais humano e cálido no contacto com o povo e terá de dar entrevistas de prestígio para mostrar as suas capacidades de futuro Rei. Enfim, a família real tem de trabalhar, que isto de ser rei não é para todos.