A sorte da ADSE é fazer jeito aos privados

Como jornalista, tenho a ADSE bastante atravessada – sem querer o menor mal aos funcionários públicos que felizmente dela vivem. É que um Governo de Sócrates acabou com a Caixa dos Jornalistas, com regalias muito semelhantes à ADSE, e integrou-a no Regime Geral.

Duas diferenças: sendo muito menos, os jornalistas não faziam uma falta tão gritante aos privados; por outro lado, talvez pelo tempo em que eram melhor remunerados, a sua Caixa era auto-suficiente, e não custava dinheiro aos contribuintes que dela não desfrutavam.

Foi por essa auto-suficiência que começaram por transferir as contribuições dos jornalistas para o Regime Geral (com a compreensível desculpa de que as suas sobras iriam beneficiar o resto da população). E a seguir, um ministro da Saúde, que dizia não conhecer as contribuições dos jornalistas para a sua Caixa, mas apenas o valor do cheque que ia do Regime Geral para a sustentar, não hesitou em acabar com ela.

É só por isto que a ADSE me está atravessada. De resto, espero que os seus usufrutuários a possam gozar tanto, como eu gostaria de continuar a usar a finada Caixa dos Jornalistas. Mas sabendo que por enquanto pesam muito mais aos contribuintes, do que pesava a nossa (coisa indiferente aos ‘pragmatismos’ de Sócrates e Passos Coelho).