A nova sede da Polícia Judiciária vai ser inaugurada no próximo dia 11 de Março pela ministra da Justiça. Mas, ao que o SOL apurou, será uma ‘inauguração-fantasma’, já que o mega-edifício estará praticamente vazio.
«Ao que sabemos, a transferência de funcionários só deverá ocorrer depois da inauguração», diz Carlos Garcia, presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC), acrescentando que a mudança para as novas instalações – um edifício novo contíguo à actual sede, na rua Gomes Freire, em Lisboa – será faseada, departamento a departamento.
Ao que o SOL apurou, no dia em que a ministra Paula Teixeira da Cruz abrir as portas daquele que será um dos maiores edifícios policiais da Europa – alojando quase metade do efectivo da Judiciária – , só lá estarão funcionários do piquete e da Unidade Nacional contra a Corrupção. Os colegas dos outros departamentos, como o Laboratório de Polícia Científica, Crime Violento e Tráfico de Estupefacientes, só se instalarão mais tarde, prevendo-se que seja transferido um departamento por fim-de-semana.
A PJ contratou uma empresa que fará a transferência de mobiliário, sistemas informáticos e arquivos. Técnicos da empresa que executou a obra estão ainda a fazer a fiscalizações ao edifício, que tem 13 andares e 83 mil metros quadrados, para verificar se a empreitada respeitou o projecto e reparar eventuais falhas ou defeitos.
Por isso, admitem várias fontes ouvidas pelo SOL, a inauguração ainda corre o risco de ser adiada.
Salas CSI
O novo edifício, que custou 86 milhões de euros, terá um vasto laboratório para a Polícia Científica e uma sala de situação, onde será possível acompanhar em tempo real operações em cenários mais complicados, como sequestros ou ataques terroristas. Será uma sala semelhante às que são mostradas em séries policiais como a americana CSI: através de uma parede forrada de ecrãs LCD, que permitem ligações informáticas e via rádio ao exterior, os técnicos e chefias podem seguir passo a passo o trabalho de campo, tomando decisões com maior rapidez.
Outra das mais-valias da nova sede são as salas para interrogatórios. A partir de agora será possível seguir um interrogatório numa sala ao lado, graças a um vidro que permite observar sem ser visto. As salas para as brigadas também serão diferentes: o chefe ocupará um gabinete central com paredes de vidro, o que lhe permitirá comunicar facilmente com os inspectores.
O edifício terá ainda dois auditórios, ginásio, heliporto e, nos pisos subterrâneos, duas carreiras de tiro.