A moda portuguesa aos olhos de Eduarda Abbondanza e cinco designers

Partindo do significado de visão como um olhar sobre o futuro, seja ele realista ou utópico:

1 – Qual a visão para a ModaLisboa e para a moda portuguesa?

2 – Qual a visão para o seu percurso e a sua vida?

Pedro Pedro

1 – Espero que haja uma aposta maior em design de qualidade e o desenvolvimento de um trabalho de comunicação com objectivos de tornar evidente que comprar português é uma aposta segura num produto inovador e de qualidade. Tudo isto com base num diálogo ainda maior entre os seus intervenientes.

2 – Como sempre, desejo mais pontos de venda, um canal comercial mais desenvolvido, um caminho para a internacionalização e a abertura de uma loja própria. Esta visão turva-se neste contexto sócio-económico. Mas continuo optimista…

Dino Alves

1 – Penso que as pessoas, aos poucos, vão aprendendo a ver a moda para além do evento e, desse modo, a darem-nos motivos para existirmos e continuarmos a trabalhar. É uma questão cultural e de mentalidades e essas mudanças levam tempo. Gostaria que nos vissem e que vivessem a moda para além do festival que são os desfiles, aos quais muitas vezes as pessoas só vão pelo gozo de pertencerem a um determinado mundo.

2 – A visão que tenho para o futuro é continuar o meu trabalho porque é a minha vida. Vivo a moda como uma forma de estar e, claro, gostaria de poder trabalhar de uma maneira confortável, sem que os obstáculos e as vicissitudes com que nos deparamos ao longo do caminho inibissem a parte criativa, que é o mais importante. Em termos mais utópicos adorava ter um espaço tipo loja, muito conceptual e num lugar inusitado.A loja funcionaria como uma instalação de land art. Imaginem uma loja no meio da planície alentejana ou no Gerês ou no deserto do Sahara ou no Grand Canyon!

Eduarda Abbondanza

1 – Numa palavra:internacionalização. É essa a minha visão. A moda portuguesa precisa de amadurecer e tornar-se uma realidade incontornável para o país, enquanto marca. Esta é a grande batalha, mas é esse o futuro. E espero que venham novas gerações! Temos de ser inundados com novos talentos para que possamos crescer.

2 – Espero conseguir concretizar todos os sonhos profissionais, mas fazê-lo articulando com uma vida mais calma do que tive no passado e com os pés na terra. E quero viajar muito e fazer coisas que me emocionem. E ter um equilíbrio entre tempo e saúde. E ser feliz.

Filipe Faísca

1 – A ModaLisboa tem definitivamente de avançar contra o lobby que não a deixa projectar-se para outro patamar. O Governo ainda não viu interesse na indústria de moda. Mas a moda nacional precisa de olhar para dentro e ver o que não corre bem, e precisa fazê-lo com uma visão positiva e aglutinadora. É o que espero para o futuro.

2 – Para mim… Estou em franca mudança. Ou pelo menos a preparar-me para tal. Não quero repetir erros à espera de resultados diferentes.

Nuno Baltazar

1 – Na minha bola de cristal gostava que a ModaLisboa fosse mais do que duas apresentações por ano, e que, em parceria com a CML, liderasse a criação de um fashion district em Lisboa, onde a moda de autor pudesse acontecer ao mesmo tempo que se dinamiza espaços vazios. Já que a Avenida da Liberdade foi tomada, podia ser na Baixa.

2 – A minha utopia é ganhar o Euromilhões sem sequer jogar! Isso permitiria abrir uma loja em Lisboa e outra no Porto, e desenvolver novas linhas, como a colecção para homem. E viajar mais!

Luís Carvalho

1 – Gostava que a moda portuguesa chegasse a mais pessoas, ao nível internacional.

2 – Sendo que um dos meus maiores sonhos já foi alcançado – chegar à ModaLisboa – o desejo será continuar a apresentar a colecção e com isto crescer e amadurecer a marca, passar do LAB para a ‘passerelle principal’ e um dia ter uma loja própria. E se é para sonhar… Talvez na Avenida da Liberdade ou na Quinta Avenida! E vestir a Jennifer Lawrence para os Óscares.

raquel.carrilho@sol.pt