Para a ModaLisboa, visão é “a materialização do futuro”. E é por isso, porque “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”, que Vision é o tema da 42.ª edição da ModaLisboa, que arrancou ontem e decorre até dia 9, dando a conhecer as colecções de Outono/Inverno 14/15.
A cada seis meses a azáfama repete-se. Lisboa prepara-se para três dias dedicados à moda. Os Paços do Concelho tornam-se uma praça particularmente movimentada, o Páteo da Galé transforma-se recebendo novos espaços e uma enorme passerelle. Esta edição, o projecto de cenografia e design de interiores, da autoria dos arquitectos Rita Muralha e Raul Santos, tem como elemento principal um dos materiais mais nacionais: a cortiça. Fruto de uma parceria com a Corticeira Amorim, a passerelle será em cortiça. Mas a utilização deste material não se limita ao piso: servirá também de revestimento das paredes interiores e do mobiliário, estando presente em todos os espaços do Pátio da Galé.
Durante três dias a ModaLisboa monopoliza a cidade. É certo que, para alguns, o evento criado em 1990 continua a ser apenas uma incompreensível feira de vaidades. Para outros, porém, é o palco onde divulgam o trabalho de uma vida e uma montra privilegiada para uma indústria outrora vitoriosa: a têxtil. A ModaLisboa arranca hoje com o desfile da plataforma Sangue Novo, composta por nove jovens designers (sete dos quais em nome individual e uma dupla): Catarina Oliveira, Sofia Macedo, Ina Koelln, u Nair Xavier, Cristina Real, 2ID por Sara Seidi e Rúben Damásio, Patrick de Pádua e Olga Noronha. Depois do regresso, na edição anterior, o Sangue Novo repete-se com o intuito de dar oportunidades aos novos talentos de se darem a conhecer.
Mas este evento reflecte o mercado. E da mesma forma que jovens licenciados procuram entrar no mercado da moda, há veteranos que não resistem e baixam os braços perante as dificuldades. E o momento é difícil, razão porque se torna mais fácil entender a saída de um número considerável de criadores: quatro. Os Burgueses, compostos pela dupla Mia Lourenço e Pedro Eleutério, terminaram a sua marca. O mesmo aconteceu com Ricardo Dourado. Já a White Tent, de Pedro Noronha Feio e Evgenia Tabakova fica de fora devido à reestruturação da marca, e os Marques’Almeida, sedeados em Londres, alegaram projectos inconciliáveis para não apresentarem colecção em Lisboa. Os três dias de desfiles ficam assim entregues a Valentim Quaresma, Alexandra Moura, Nuno Baltazar, Lidija Kolovrat, Saymyname, Luís Carvalho, Ricardo Preto, Luís Buchinho, Nuno Gama, Aleksandar Protic, Ricardo Andrez, Pedro Pedro, Dino Alves, Miguel Vieira e Filipe Faísca – que regressa esta edição, depois de ter estado ausente há seis meses devido a uma remodelação da empresa.
A moda abre-se à cidade
À semelhança do que tem acontecido em edições anteriores, também desta vez a ModaLisboa salta da passerelle e abre-se para a cidade e para os seus habitantes. Apesar de os desfiles serem exclusivos para convidados, há eventos abertos ao público e de entrada gratuita. Um deles marca o primeiro dia da ModaLisboa. As Fast Talks About Fashion, uma espécie de conversas rápidas sobre moda, têm este ano como tema o Empreendedorismo e o protagonismo será dado a cinco marcas nacionais que têm dado cartas neste campo: a BeeVeryCreative (especialista em impressão 3D), a Green Boots (marca de botas com uma herança de meio século), a Ideal & Co (uma marca de acessórios em couro para bicicletas inspirada nos artesãos de Serra d’Aire), a La Paz (uma marca de roupa masculina inspirada nos homens do mar) e Paulo Gonçalves (ex-guitarrista dos Heróis do Mar e proprietário da loja The King & Queen Bethnal Green, considerada uma das cinco melhores lojas vintage de Londres). Entre as 16h e as 18h, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Além destas Fast Talks, os lisboetas podem ainda ficar a conhecer o trabalho de Anna Balecho, Arlindo Camacho, Élio Nogueira, Seth Solo, Sal Nunkachov e Telma Russo. Os seis fotógrafos são os protagonistas da 10.ª edição da exposição de fotografia WorkStation. Durante os três dias de ModaLisboa os seis vão fotografar o evento e diariamente exibir essas imagens nos Paços do Concelho, numa exposição que é um organismo vivo. Também durante os três dias decorre a Wonder Room, na Sala do Arquivo nos Paços do Concelho. Entre as 15h e as 21h aqui será possível conhecer e comprar o trabalho dos criadores do Sangue Novo e de marcas como a André Ópticas, a Sul, a Red Rugs e a Dkode.