A saída limpa afinal é suja

Ainda é cedo para saber se a saída portuguesa do resgate da troika vai ser ou não com programa cautelar (o abandono praticamente seguro do FMI, fará com que deixe de se chamar resgate, e passe a ter esse nome de cautelar, igualmente intromissivo e duro, não dando lugar à segunda restauração propalada por Portas,…

Parece que, por razões politicas, muita gente (incluído dirigentes europeus, incluindo a própria Merkel) pretende chamar á saída ‘limpa’: ou seja, à irlandesa. Só que já se percebeu que, no caso português, a saída nunca será limpa, mas muito suja: mesmo que não se use o nome de programa cautelar, haverá um controlo externo rigoroso, que funcionará como tal. É só para dar uma ajuda politica aos partidos do Governo em época eleitoral, para garantir que continue assegurada a mansidão interna perante as exigências exteriores – e se deixe de fazer asneiras como os excessos do gasparismo. Dando a ideia de que se considera um sucesso o programa de austeridade implementado, mesmo que a população não o sinta de outra maneira, e portanto não seja sucesso nenhum.

Resumindo, nada de 1640 – tudo de 1639. E talvez os duros da troika (ou do futuro duo) acabem por ser menos duros e asneirentos do que o Governo de Passos, com os seus cálculos eleitorais.

Já agora, convinha explicar quanto custa aos contribuintes mais martirizados a almofada financeira que o Governo está a fazer – aparentemente com a finalidade de uma folga eleitoralista.