A Fox News lançou a dúvida sobre se o Twitter teria ido abaixo, como Ellen afirmara. Sou testemunha madrugadora de que a conta @TheEllenShow não funcionou durante algum tempo. Não a rede social, claro. Não é que os actores, os realizadores, os produtores, etc., sejam doutra espécie, mas confesso que a ideia de os mostrar como seres comuns me aborrece de morte. Tenho saudades de uma época em que Hollywood era o Olimpo.
‘Alright, alright, alright ‘
A hora adiantada da cerimónia não me permitiu ouvir bem o discurso de agradecimento de Matthew McConaughey, vencedor do Óscar de Melhor Actor pela sua interpretação em O Clube de Dallas. Felizmente, existe o YouTube. O que de madrugada me parecera um discurso errático, à tarde mostrou ser um agradecimento racional a Deus, à família e, com graça, a um herói que perseguia, que era ele próprio daí a dez anos. A Deus agradeceu por lhe dar a certeza de não estar sozinho, à família, uma fonte de força e orgulho, por lhe ter ensinado a respeitar-se a si mesmo e aos outros. Quanto ao herói que gostaria de encontrar, esclareceu que esse herói era ele próprio, sempre daí a dez anos. Porém, a ideia de se projectar no futuro não seria possível sem aquele sentimento de gratidão tão profundo que anunciara antes. Era por ser grato pela sua vida que podia aspirar àquele herói, que, bem o sabia, lhe escaparia sempre. Foi um discurso corajoso e notável.
Lady Macbeth
A primeira temporada de House of Cards prometia ser uma extensão da série homónima britânica, a primeira da trilogia de Michael Dobbs, protagonizada por Ian Richardson. Os quatro episódios da série britânica pareciam ter sido desdobrados em 13 por David Fincher. O diabólico Francis Urquhart era agora o ardiloso Francis J. ‘Frank’ Underwood, interpretado por Kevin Spacey. A segunda temporada mostra que a versão americana não é um desenvolvimento da original, mas uma outra série, mais complexa e viciante. O casal Underwood, Francis e a mulher, Claire, interpretada por Robin Wright, manipula o jogo político em Washington. Depois do episódio em que Claire contou ter sido violada por um general, as opiniões dividiram-se sobre se seria uma ‘guerreira feminista’ ou um mau exemplo. A discussão online revelou como o seu comportamento desconcertante no episódio enganara os críticos atentos. Lady Macbeth é uma personagem fascinante em todas as épocas.
Felicidade online
As caixas de comentários dos jornais online são por norma ocupadas por pessoas que não estão interessadas em comentar nada. Os insultos e a falta de educação são frequentes, mas há dias uma notícia era invadida por uma multidão a dar os parabéns e a desejar felicidades. A quem e porquê? À cantora Dora, por trabalhar no McDonald’s. Comecei por não perceber qual era a notícia, até porque não entendo o que tem o mundo a ver com a maneira como as pessoas, ‘famosos’ ou outros, resolvem problemas sérios como são os da sobrevivência. Haverá sempre quem explore os momentos menos felizes da vida dos outros. ‘Dora no McDonald’s’ só é notícia porque há imensa gente que gosta de assistir aos maus bocados da vida alheia. As palavras de incentivo mostram bem a felicidade de ‘estarmos todos atolados no pântano’. Se o mundo fosse um sítio decente, não haveria um único comentário naquela notícia. Ou talvez só um: ‘Dois euros e meio à hora é uma exploração!’.
Selfies e sabonetes
A marca Dove, que se tem destacado pelas campanhas publicitárias originais, lançou um longo anúncio que tem como ideia central a beleza que existe em todas as mulheres: https://www.youtube.com/watch?v=BFkm1Hg4dTI. A marca continua assim a explorar com sucesso o filão das ‘mulheres normais’ para vender os seus produtos. O anúncio foi exibido no festival de Sundance e mostra uma série de mães e filhas a posar para selfies, e todas ficam bem nas fotografias que tiram a elas próprias. O anúncio foi atacado na Salon, quanto a mim, injustamente, por não transmitir nenhuma mensagem. É certo que a Dove está a vender sabonetes, e para vender há que ir ao encontro de uma necessidade ou mesmo antecipá-la. Para isso tem de se falar a mesma língua dos consumidores. O que a marca fez foi entender uma preocupação que inibe as raparigas de se sentirem bem com elas próprias. Se conseguiu vender mais por isso, não sei, mas lá que o anúncio está bem feito, está.