Manifesto dos 70 e consensos

O Manifesto dos 70, a favor da reestruturação da dívida pública portuguesa, sem propor nenhum ‘hair cut’ (ao contrário do que parecem supor alguns dos seus comentadores críticos, que certamente não o leram, ou não o perceberam), mostra, pela diversidade dos seus subscritores (desde Louçã a Ferreira Leite ou Bagão Félix, passando por Cravinho e…

Por sua vez, a reacção de Passos Coelho demonstra que o Governo só aceita consensos que se limitem às suas próprias posições, e que nem sequer está tentado a debater uma proposta que pretende resolver o problema de uma austeridade que pelos visto se pretende como fim e não como instrumento, nem o do agravamento constante da dívida pública portuguesa (que aumentou dos cerca de 107% do PIB quando este Governo tomou posse até aos quase 130% que o Banco de Portugal confirmou há poucos dias).

Só nos resta aguardar por uma viragem politica que viabilize o consenso tão propalado por todos, a exemplo do Manifesto dos 70, e negado pelo actual Governo (sem sequer se dar ao trabalho de ler uma proposta que vai ao encontro, bem vistas as coisas, do que está a ser defendido pelos nossos credores – que querem a dívida paga, e não apenas aumentada de ano para ano, apenas para divertir uns governantes que apostam exclusivamente na austeridade dos mais frágeis). E não vale falar dos mercados como um papão, com direito a ditadura, e a calar um País. Sobretudo, quando esses mercados defendem posições mais parecidas com o Manifesto dos 70 do que com a governação sem rumo do Executivo de Passos.