Passos quer estar fora da Lei

Passos Coelho afirmou, em tom de ameaça, que as medidas alternativas aos chumbos do TC são sempre “piores”. Foi agora, na conferência de Poul Thomsen, o primeiro chefe da missão da troika em Portugal, organizada pelo Jornal de Negócios e RR. E a propósito do não veto do Presidente da República ao alargamento da CES…

E falou com esta clareza: “Sempre que o TC declara que uma medida não está de acordo com a Constituição e inviabiliza essas medidas nós encontramos outras. E as subsequentes são sempre piores, produzem piores resultados no médio prazo”.

Com a sua habitual e cândida falta de jeito (que não será assim tão grande, visto ter chegado onde chegou, para mal do País e do PSD), o primeiro-ministro significou que pretende governar fora da Constituição, esquecendo o primado da Lei, a seu bel prazer – e ameaça com o desastre geral se for contrariado.

Ou seja: se não o contrariarem, limita-se e tomar medidas más, e fora da Lei. Se o obrigarem a obedecer á Lei, engendrará medidas de efeitos piores, como tem feito. Mesmo assim, para gente desta, julgo que devemos defender-nos com as baias da Lei – porque se ficarem à solta, além de sofrermos agora as medidas más, ainda temos de arcar com a dívida que ele deixa, e tem sempre aumentado (dos cerca de 107% quando tomou posse, aos perto de 130% que o Banco de Portugal acaba de atestar; porque estes 130%, embora nem todos o tenham compreendido, são medidos com os mesmos critérios do que os outros 107% deixados por Sócrates, e que já não eram pouco, muito acima do limite dos 60% estabelecidos pela UE).