As famílias querem saber exactamente que diligências já foram feitas, que testemunhas além do sobrevivente João Miguel Gouveia foram interrogadas e que pistas seguiu a Polícia Judiciária para deslindar as muitas dúvidas que ainda ensombram o caso, passados três meses.
É pouca a esperança, contudo, de virem a ter luz verde do procurador, Moreira da Silva. O caso foi colocado em segredo de justiça logo que a investigação ganhou fôlego, no final de Janeiro, mais de um mês depois da tragédia de 15 de Dezembro. E o magistrado pode invocar que o acesso pelas famílias perturbaria as diligências que continuam a ser feitas.
As suspeitas de que os seis estudantes da Lusófona foram sujeitos a praxes violentas no fim-de-semana em que morreram no Meco continuam a ganhar força. Várias actas e relatórios da Comissão Oficial de Praxes Académica (COPA) revelam que estes rituais tornaram-se mais duros sob a liderança do sobrevivente.
Nos documentos, divulgados esta semana pela TVI, membros da COPA queixam-se ao novo dux destes excessos: “Quando é marcada uma actividade, ficam todos acagaçados e ninguém aparece”, lê-se num relatório feito em Outubro passado por um estudante. “Seria necessário haver actividades onde não se aplicassem praxes e se se aplicassem fossem no espírito de brincadeira”, defende o jovem.
Mas as queixas não fizeram João Gouveia mudar de estratégia. “Dux diz que quando ele era pastrano o convívio em grande escala foi apenas um extra após ter passado por muito”, lê-se na acta de uma reunião do conselho da COPA. No documento, de Novembro, descrevem-se também casos em que os alunos são obrigados a participar nas actividades: “Fomos buscar as bestas à sala de aula para comparecerem na praxe (foi bem sucedida)”. Na mesma reunião, são relatados casos de praxes onde os estudantes foram levados “quase ao limite”.