E agora corre o rumor, avançado pela revista Variety, de que terá sido escolhido por J.J. Abrams para interpretar o vilão do próximo episódio de A Guerra das Estrelas. Mas Abrams não será o único a optar por este actor quase desconhecido: nos próximos dois anos vai ser possível ver Adam Driver protagonizar filmes não só de Jeff Nichols e Noah Baumbach como de Martin Scorsese, que vai filmar a odisseia de um padre português no Japão do séc. XVII.
É que Adam Driver não é tão desconhecido assim. Se hoje as séries televisivas têm cada vez mais protagonismo, muito devem à norte-americana HBO, onde se estrearam Os Sopranos, The Wire, Broadwalk Empire e Sete Palmos de Terra.
Estreada em 2012 na HBO, Girls chega na sequência de uma tradição de séries inovadoras e de altíssima qualidade. Focando-se em quatro amigas de 20 e poucos anos a viver em Nova Iorque, Girls, escrita e protagonizada por Lena Dunham, arrebatou crítica e público: ganhou entre outros prémios e muitas nomeações, dois Globos de Ouro e um Emmy, e é a comédia coqueluche de hipsters e jovens intelectuais cool. Não é de estranhar que Adam Driver, que protagoniza com Lena Dunham o par nada romântico da série, se tenha tornado um êxito instantâneo junto do público. Alto, desengonçado e orelhudo, tornou-se, até, uma espécie de sex symbol, com o seu charme pouco convencional. E, no ano passado, o cinema confirmou o seu talento. Em A Propósito de Llewyn Davis, Adam Driver brilhou numa cena em que, interpretando um músico folk, se junta a Justin Timberlake e Oscar Isaac para gravar um jingle, no qual faz as segundas vozes. ‘Please Mr Kennedy’ foi referido por quase todos os críticos como um dos melhores momentos do filme e a memorável prestação de Adam Driver grandemente elogiada.
Mas as suas medalhas poderiam ser outras. Nascido em 1983, em San Diego, depois do 11 de Setembro de 2001 Adam Driver alistou-se no exército, tendo pertencido aos Marines durante quase três anos. Prestes a partir para o Iraque, lesionou-se num acidente de bicicleta, que o levou a abandonar a carreira militar, trocando-a pelo teatro. Perdeu-se um soldado, ganhou-se um actor.
Hoje, com 30 anos, depois de já ter estado em palco, ter feito editoriais de moda para a Vogue fotografados por Annie Leibovitz e trabalhado com realizadores como Spielberg, Noah Baumbach e os irmãos Coen e de estar prestes a estrear filmes como Tracks, de John Curran, Adam Driver parece ter captado definitivamente a atenção de Hollywood. Em filmagens ou em fase de pós-produção, tem obras como While We’re Young, de Noah Baumbach e Midnight Special, de Jeff Nichols. E em pré-produção está Silence, de Martin Scorsese, cujo elenco irá integrar, ao lado de Liam Neeson. O filme, que se deverá estrear em 2015, é a adaptação do romance Silêncio, do japonês Shusaku Endo, que narra a história do Padre Rodrigues, missionário português jesuíta que, durante o séc. XVII, vai para o Japão em busca de um outro padre português desaparecido e suspeito de apostasia.
Se a tudo isto Adam Driver juntar A Guerra das Estrelas, o sucesso está garantido. Nos próximos dois anos passará, provavelmente, das cerimónias de entrega de prémios de televisão para as de entrega de prémios do cinema (descansem os fãs de Girls, a quarta temporada já está contratada). É uma estrela de Hollywood em ascensão. E a consagração, ao lado de Scorsese, poderá ser feita com sotaque português.