SOL
Cavaco Silva
É verdade que nada do que escreveu no prefácio dos Roteiros é novo, mas marcou a agenda política. E é igualmente verdade que o próprio Presidente estava ciente de que os seus apelos a um programa cautelar e ao consenso partidário de médio prazo não teriam eco – mas fez questão de insistir nestes pontos, contra tentações eleitoralistas e facilitismos orçamentais, para mais tarde recordar. Revelou autoridade e lucidez política ao exonerar de imediato os seus dois assessores que indevidamente associaram a Presidência ao manifesto da dívida. E terminou a semana reafirmando a sua dissonância com o Governo no que respeita a pensões e reformas, ao vetar os aumentos da ADSE. Sempre na linha da frente.
Miguel Macedo
O ministro viu a manifestação de polícias e outras forças de segurança ser devidamente controlada, cumprindo assim a sua mensagem de que os incidentes da escadaria da AR, em Novembro, não se poderiam repetir. E reagiu, depois, com parcimónia e bom senso, à elevada dimensão dos protestos. Reforçou, assim, a sua autoridade política e a autoridade do Estado. Sem necessidade de mais confrontos nem demissões.
SOMBRA
Jerónimo de Sousa
O PCP foi o único partido a votar contra um voto parlamentar de condenação do regime ditatorial e torcionário de Kim Jong-Un, na sequência de um relatório da ONU sobre a sistemática violação dos direitos humanos na Coreia do Norte. E tem metido os pés pelas mãos ao pronunciar-se sobre o expansionismo russo (do velho império soviético…) na Crimeia e na Ucrânia. Estes incómodos esqueletos no armário dos comunistas não deixam de atormentar a vida do PCP – e de revelar, ao mesmo tempo, o lado mais sombrio da natureza do partido.
Manuela Ferreira Leite
Assinou, com mais meia dúzia de figuras do centro-direita, um manifesto inspirado por uma maioria da esquerda radical, com teses indefensáveis e irresponsáveis sobre a renegociação da dívida (e com argumentos demagógicos e intelectualmente desonestos, como o de comparar Portugal à Alemanha destruída e em ruínas do pós-guerra). A ex-líder do PSD passou a fazer parte do grupo de ‘ressabiados úteis’ que a esquerda sabe colocar ao seu serviço.