Falta de autoridade na politica

David Justino, conselheiro do Presidente da República e ex-ministro da Educação do PSD, dizia numa entrevista ao DN: “Só faz compromissos quem tem força e autoridade”.

Aparentemente, na lógica da entrevista, ele pretenderia explicar porque é que o Presidente – que, de resto, elogia naturalmente muito – não conseguiu o compromisso que pretendia entre o PSD e o PS. De facto, Cavaco, por aposta ou descuido, inaugurou os Presidentes com pouco apoio popular e vaiados pela população no Portugal do pós-25 de Abril (antes, esses comportamentos eram só reservados aos governos).

Mas a observação serve também para Passos Coelho, e talvez para o seu desinteresse em chagar a acordos com o PS, apesar de pretender colar-se à Irlanda, e de os irlandeses afirmarem que a maior preocupação da sua governação durante a intervenção da troika foi manterem acordos políticos com a oposição parlamentar e com os parceiros sociais (como ainda há dias relembrou um governante da Irlanda que veio a Portugal participar numa conferência). O mais que Passos consegue é tirar fotografias com Seguro, para provar à Europa que promove reuniões com ele, mas não passa aí das ‘divergências insanáveis’ (também é preciso algum peso para ‘sanar’ divergências). Talvez David Justino tenha razão, e os líderes irlandeses tenham uma força e uma autoridade a que o nosso Passos Coelho nunca chegou. Até nisso é mais parecido com os gregos. Veremos se Seguro (ou o PS) terá mais sucesso nessa área.