“Gosto deste centro escolar, mas também gostava de uma pequena coisa lá em cima: de ouvir os passarinhos, porque tudo era mais calmo”, contou à agência Lusa Andreia Almeida, de 10 anos, que vive em Ovadas de Cima.
Andreia era uma das 14 crianças que ainda “resistiam” na escola de Granja de Ovadas. Mas, tal como as restantes 22 escolas do primeiro ciclo que existiam no concelho de Resende, também ela encerrou.
Agora, a turma de Andreia, do quarto ano, tem 20 alunos. O centro escolar de S. Cipriano oferece outras condições e, por isso, a menina não hesitou ao responder à pergunta se tem saudades da escola antiga.
“Nem por isso”, afirmou, explicando que “chovia lá dentro e era muito frio”.
“Às vezes ia a luz abaixo e nós não tínhamos aquecedor para nos aquecer”, recordou.
Também a mãe, Adília Pinto, se mostrou satisfeita com a mudança.
“No centro escolar tem aquecimento e lá em cima não tinha, porque a escola era muito antiga. Acho que mudou para melhor”, considerou.
O facto de a filha ter ido estudar para outra localidade não lhe alterou as rotinas diárias, porque “no ano passado saía às 08:25/08:30, este ano está a sair às 08:15/08:20” de Ovadas de Cima, para depois se deslocar numa carrinha da Câmara até ao centro escolar de S. Cipriano.
As crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo começam a chegar a este centro escolar às 08:00. As primeiras são as de S. Romão. As carrinhas não param de circular até às 09:05/09:10, quando finalmente chegam as últimas, oriundas de Freigil.
O centro escolar de S. Cipriano é frequentado por uma centena de crianças e só dez não usam os transportes escolares.
“A Câmara quer garantir que haja transportes para todas as crianças, quer garantir a possibilidade de os poder trazer à escola mesmo que os pais não possam”, justificou a vereadora da Educação, Sandra Pinto.
No concelho de Resende, já não há uma única escola isolada a funcionar. Todos os alunos foram concentrados em três centros escolares: primeiro abriu o de S. Martinho de Mouros (160 crianças), depois o de Resende (400 crianças) e, este ano lectivo, o de S. Cipriano (100 crianças).
Sandra Pinto não tem dúvidas de que as crianças estão melhor, quer porque têm oportunidade de conviver com mais colegas, quer ao nível das condições que lhes são oferecidas, como bibliotecas, cantinas e auditórios para actividades.
Segundo a vereadora, nas antigas escolas havia dificuldades ao nível do aquecimento, do equipamento de recreio que estava disponível e em garantir um auxiliar por cada escola.
“Estando no centro escolar há auxiliares, há salas específicas para actividades, como salas de informática e de descanso no caso dos alunos do pré-escolar. As condições são, de facto, melhores”, realçou.
Nos últimos anos, os gastos relacionados com os transportes escolares dispararam. A Câmara adquiriu seis viaturas, um investimento total de 370 mil euros. Este ano letivo, prevê gastar aproximadamente 500 mil euros em despesas de transportes escolares com o primeiro ciclo.
“É um serviço que queremos continuar a garantir, independentemente do custo que tenha, porque na educação não há despesa, há investimento”, frisou Sandra Pinto.
Lusa/SOL